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Ecossistemas nas Filipinas voltam do abismo

Ecossistemas nas Filipinas voltam do abismo

Ecossistemas nas Filipinas voltam do abismo
Porque ainda existe esperança para a conservação nas Filipinas

pt.mongabay.com
Traduzido por Thomaz William Mendoza-Harrell
3 de Agosto, 2008




Um novo estudo explora as tendências ambientais positivas em uma nação de “causas perdidas”




As Filipinas têm sido freqüentemente apontadas como exemplo do pior caso no cenário de degradação ambiental. Alguns cientistas até concluíram que esforços ambientais deveriam ser aplicados em outros lugares declarando as Filipinas como uma causa perdida. No seu livro Réquiem para a Natureza, John Terborgh escreve que “superpovadas… as Filipinas se encontram num ponto sem retorno.” Porém, um estudo recente “Esperança para uma Biodiversidade Tropical Ameaçada: Lições das Filipinas” argumenta que existe ainda um número suficiente de tendências ambientais e de conservação nas Filipinas para manter a esperança e continuar trabalhando para um melhor amanhã.



A destruição ambiental nas Filipinas teve início ha séculos. Os colonizadores espanhóis extraíam madeira de forma pesada e expandiram formas de agricultura européias.



The Philippines. Courtesy of Google Earth

O século 20 viu a chegada de extração madeireira em massa que dizimou três quartos das florestas das ilhas. (os autores do estudo acreditam que somente de 6 a 8% das florestas originais permanecem). Além disso, praticas de pesca predatória, tais como envenenamento e uso de dinamite, tem causado profundos danos aos recifes de coral que circundam as ilhas. A degradação ambiental rampante tem causado a extinção de muitas espécies endêmica e ameaça ainda outras tantas. De acordo com o IUCN 21 por cento dos vertebrados das Filipinas estão ameaçados assim como mais da metade de todas as espécies de plantas. Mas, como autora chefe do estudo a Dra. Mary Posa declarou a Mongabay.com, “É fácil caracterizar as Filipinas como uma coletânea de estatísticas pessimistas de biodiversidade sem redenção. O que é freqüentemente ignorado é que existem esforços contínuos de conservação apesar das imensas dificuldades.”



O estudo focalize a conservação de espécies ameaçadas, a proteção de ecossistemas ameaçados, a redescoberta de muitas espécies consideradas extintas, e uma mudança generalizada de atitudes, conduzindo para muitos novos e vitais programas ambientais.



Os autores apresentam quarto exemplos de iniciativas de sucesso para a conservação de espécies ameaçadas. O Cockatoo Filipino, considerado criticamente ameaçado, tem tido crescimento populacional desde que diversos programas passaram a trabalhar em conjunto incorporando estratégias como educação, proteção de ninhos, criação em cativeiro, e pesquisa. Em 1997 um santuário foi montado para proteger um grupo populacional da espécie. A espécie criticamente ameaçada de Visayan Wrinkled Hornbill (Aceros waldeni) é mais uma história de sucesso: com a ajuda do Projeto Filipino de Conservação de Espécies Endêmicas (PESCP) a ave aumentou para 206 crias com sucesso em 2006. O Crocodilo Filipino, é também considerado criticamente ameaçado, e tem se beneficiado de programas educacionais para modificar o conceito negativo do animal. Finalmente, a Águia Filipina, a ave nacional e considerada uma das espécies mais ameaçadas do mundo tem recentemente sido objeto de boas noticias. Pesquisas sobre a população desta ave têm evidenciado que podem existir mais exemplares do que pensado e métodos conservacionistas tem aumentado a proteção ao seu habitat ameaçado.



Espécies criticamente ameaçadas não são as únicas se beneficiando de um aumento de consciência ambientalista nas Filipinas. O aumento de pesquisa cientifica nas ilhas tem ressuscitado espécies já ha tempo extintas. O Cebu Flowerpecker (Picaflor de Cebu), uma ave nativa da ilha de Cebu não era vista desde 1906 e era considerada extinta quando foi redescoberta numa floresta de pedra lima em 1992. Sem registro desde 1964, três indivíduos da espécie Filipina do Philippine Bare-backed Fruit Bat (Dobsonia moluccense magna) foram capturados numa rede em 2001, mudando o seu status de extintos para criticamente ameaçados. A lagartixa voadora ( Philippine Parachute Geck) não era vista em oitenta anos quando foi redescoberta em1993. A Tartaruga Florestal Filipina também era considerada extinta até que a ilha Palawan revelou populações desconhecidas. Desse padrão, o estudo extrai a seguinte lição: “a aceitação sem questionamento da extinção de uma espécie pode levar pesquisadores a abandonar uma espécie prematuramente, e a conclusão do seu desaparecimento pode se tornar uma realidade” Felizmente “algumas espécies endêmicas são menos inclinadas à extinção do que se temia. Isto também serve como prova da importância de pesquisa de campo continuada: recentemente tal pesquisa tem descoberto mais de uma centena de novas espécies de mamíferos herpetofauna, que estão apenas aguardando uma descrição formal.



Forest cover in the Philippines

Ecossistemas fragilizados também têm recebido proteção aumentada nas ultimas décadas, buscando um equilíbrio entre necessidades humanas e obrigações de conservação. Mais de 600 pequenas áreas marinhas protegidas (MPAs) tem sido estabelecidas nas Filipinas e são administradas por comunidades locais. Tais áreas têm demonstrado aumento no número de peixes permitindo aos pescadores locais uma atividade de pesca sustentável. Além dos oceanos, parques tais como o Parque Natural de Monte Kitanglad tem fornecido excelentes exemplos de tribos autóctones administrando os sistemas dos parques para o beneficio de todos. Com a sua administração dos parques tem havido diminuição em violações, incêndios e aumento no plantio de mudas. A recuperação florestal tem ocorrido por todas as Filipinas recentemente: a área plantada de florestas teve um aumento de 5% nos anos 1990.



A conservação e ambientalismo tem se tornado tópicos quentes nas Filipinas com a população enfrentando de primeira mão os resultados ramificados dos ecossistemas devastados. Conforme o estudo a fertilidade do solo tem sofrido declínio em quanto que a poluição tem aumentado devido à mineração; áreas de pesca têm se tornando progressivamente menos produtivas em quanto que inundações e deslizamentos causados anualmente como resultado do desmatamento e da erosão aumentam. Ao mesmo tempo, as Filipinas têm visto um aumento em cientistas, conservacionistas, e mais importante, programas locais para proteger e recuperar o meio ambiente. Por exemplo, a Sociedade Filipina de Conservação da Vida Animal (The Wildlife Conservation Society of the Philippines) tem crescido numericamente e novos grupos surgem o tempo todo para enfrentar as diversas causas locais: “O movimento ambientalista Filipino recebe boa parte do seu ímpeto de pessoas comprometidas pertencentes a grupos da sociedade civil. Na maioria dos casos estes grupos são de organizações sem fins lucrativos que enfrentam os multifacetados problemas da conservação da biodiversidade.”



The Cloud rat. Photo by Julie Larsen Maher of WCS.

Apesar dos sinais de progresso, o estudo enfatiza que “enormes desafios e obstáculos permanecem”. Embora existam inúmeras leis de proteção ambiental o governo precisa, fazer um trabalho melhor para garantir a sua aplicação. Conforme o estudo eles também tem que de concentrar mais em questões de urgência como poluição , mudanças climáticas,pobreza e superpopulação. Ativismo baseado na comunidade “deve trazer benefícios tangíveis e ser economicamente estável”. Os parques precisam de maior proteção no solo já que muitos são vitimas de atividade madeireira clandestina. Semelhantemente para verdadeiramente proteger a biodiversidade a nação precisa aumentar a suas reservas. A luz destes desenvolvimentos positivos e desafios continuados os programas ambientais globais não devem virar as costas para as Filipinas conforme os autores do estudo, mas fornecer maior apoio para programas locais e de longo prazo.



Apesar da sua reputação de país ambientalmente degradado e superpovoado as Filipinas tem esperanças. A Dra. Posa que é professora no Instituto de Biologia da Universidade das Filipinas disse que acredita que o estudo pode atrair mais atenção aos “aspectos positivos e casos de sucesso pouco conhecidos sobre os quais podemos aprender e construir”.



Simplesmente dispensar o país como uma causa perdida para a conservação poderia decretar a realização de uma profecia que condena a biodiversidade quando existem ainda oportunidades para ação positiva. Os autores do estudo admitem que “o movimento ambientalista Filipino nasceu da necessidade. Aumentos na atividade ambientalista e mudanças de política coincidiram com a quase destruição de habitats e ecossistemas essenciais.” Se a situação das Filipinas é vista apenas do ponto de vista do número de espécies ameaçadas e a perda das suas reservas florestais o quadro é realmente negro. Mas salvar espécies, recuperar florestas e regenerar um meio ambiente degradado leva muito tempo, e a esperança não pode ser medida apenas pelas estatísticas negativas, mas também por uma mentalidade modificada, casos de sucesso e a dedicação de um grande número de indivíduos e organizações que trabalham todos os dias para trazer as Filipinas de volta da beira da ruína ambiental.



Algumas fascinantes estatísticas adicionais do estudo “Hope for Biodiversidade Tropical ameaçada: Lições das Filipinas”:

Mary Rose C. Posa, Arvin C. Diemos, Navjot S. Sodhi, and Thomas M. Brooks (2008). Hope for Threatened Tropical Biodiversity: Lessons from the Philippines. Vol. 58 No. 3, BioScience.





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