Notícias ambientais

Os parques trazem benefícios às pessoas, mas podem prejudicar a vida selvagem, sugere um estudo

Os parques ajudam as pessoas em detrimento da biodiversidade, sugere um estudo

Os parques trazem benefícios às pessoas, mas podem prejudicar a vida selvagem, sugere um estudo
mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
14 de Julho, 2008





O estabelecimento de reservas naturais na África e na América Latina tem sido benéfico para o estabelecimento humano mas vem às custas da biodiversidade, sugere um novo estudo publicado no jornal Science.



Analisando 306 áreas rurais protegidas em 45 países na África e na América Latina, George Wittemyer e colegas descobriram que a taxa de crescimento da população humana junto às fronteiras das reservas estava perto de duas vezes as taxas das áreas rurais vizinhas.



“As descobertas se opõem à percepção de que a criação do parque vêm com altos custos e poucos benefícios para uma população pobre marginalizada que perde quando as áreas de conservação restinge seu acesso à terras tradicionais e recursos naturais,” disse Wittemyer, um pesquisador de pós doutorado da UC Berkeley.



“Se essas áreas protegidas são um detrimento de estilos de vida locais, nós deveríamos ver pouco ou nenhum crescimento populacional em suas fronteiras,” disse Brashares, um professor assistente de ciência ambiental, política e gestão de UC Berkeley. “Ao invés, as pessoas consistentemente se mudam para mais perto delas.”



A fronteira da Floresta Impenetrável de Bwindi em Uganda. Plantações de chá, campos de cana, e logdes turísticos são apenas metros do habitat crítico dos gorilas

Críticos de áreas protegidas dizem que o aumento de 500 por cento nas terras designadas como protegidas nos últimos 30 anos deslocou dezenas de milhares de pessoas em países em desenvolvimento, criando uma classe de “refugiados da conservação”. A nova pesquisa parece indicar que este não é o caso, descobrindo evidência demográfica que há possibilidade de maiores indices de estabelecimento humano ao redor de parques resultou do “vazamento” de dentro dos parques ou da pobreza induzida dos parques. Ao invés, os autores relatam uma correlação entre o crescimento populacional perto de áreas protegidas e a quantidade de fundos que os países receberam de projetos relacionados à conservação como o Global Environment Facility (GEF. O crescimento da população foi alto também perto de áreas protegidas que suportam grandes concentrações de trabalhadores. Os resultados sugerem que áreas de conservação trazem benefícios economicos para populações locais.



“Este estudo esclarece que as atividades de conservação podem e tem impactos positivos para as comunidades locais onde elas acontecem,” disse Wittemyer. “Nossos resultados indicam que os beneficios economicos e ecológicos de viver perto de áreas protegidas execedem os custos tipicamente atribuidos a tal proximidade.”



“Preocupações sobre a criação de parques e injustiça social datam dos dias do colonialismo, quando muitas reservas começaram como campos de caça para elites,” disse Brashares. “Essa história influencia atuais atitudes em direção ao estabelecimento de áreas de conservação, com suspeitas de que atuais indices de criação de um parque sinalize um neocolonialismo. Um estudo como o nosso não pode considerar injustiças do passado, mas sugere que os parques hoje são percebidos pelas pessoas locais como áreas de oportunidade.”



Implicações para a vida selvagem e recursos naturais



Paradoxicalmente a pesquisa sugere que o sucesso das áreas de conservação atraindo estabelecimento humano pode ser prejudicial para a biodiversidade que as reservas clamam proteger. Conforme as populações nas margen das áreas protegidas crescem, cresce também a pressão sobre os recursos naturais incluindo a vida selvagem, terras agrícolas, e a madeira das árvores e outros produtos da floresta.



Gorila das costas cor prata na Impenetrável Floresta Bwindi em Uganda.

“Junto com incentivos economicos providos através de fundos de doações, muitos parques são pontos quentes para os serviços do ecossistema e bens, como abundancia de água, bons solos para agricultura, carne de animais silvestres, peixes e madeira que cada vez mais são encontrados em poucos outros lugares,” disse Brashares.



Os pesquisadores realmente descobriram que as taxas de desflorestamento eram maiores perto de áreas protegidas onde o crescimento de população humana era o maior, sugerindo que “os atuais esforços de conservação podem alcançar alívio da pobreza custando diretamente a proteção da biodiversidade.”



Para reverter esse resultado, os autores recomendam planejar melhor para assegurar que o estabelecimento de populações humanas fique longe das fronteiras de reservas sensiveis. O estabelecimento de áreas intermediárias poderia aliviar um pouco da pressão sobre as áreas de conservação.



“Claramente, juntar desenvolvimento humano com a conservação de biodiversidade não é um simples remédio para a pobreza ou perda da biodiversidade,” disse Wittemyer. “Tal casamento necessita planejamento cuidadoso e pensamento no futuro. Isso pode implicar na implementação de simples políticas como localizar projetos de desenvolvimento em regiões onde as pressões humanas terão menor impacto na biodiversidade do que direcioná-las diretamente nas bordas dos parques.”



“Paras as areas protegidas serem sustentáveis e eficientes, um equilibrio deve ser estabelecido entre beneficios para as comunidades locais e as metas de conservação da biodiversidade,” disse Brashares. “Ao invés de construir novas estradas ou escolas e clinicas perto das bordas do parque, considere acrescentar que a infraestrutura nas comunidades onde as pessoas ja vivem. Tais ações podem redirecionar os incentivos que dirigem o crescimento populacional humano perto de bordas de parques enquanto ainda ajuda as comunidades locais.”








Exit mobile version