Mortes em massa de leões na Africa ligadas ao aquecimento global
Mortes em massa de leões na África ligadas ao aquecimento global
mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
14 de Julho, 2008
Os cientistas ligaram mudanças climáticas no Leste da África às mortes em massa de populações de leões em 1994 e 2001. A pesquisa é publicada no jornal de livre acesso PLoS ONE.
Analisando os 30 anos de informações de populações de leões e comparando-os com registros de precipitação, uma equipe international de pesquisadores descobriu que periodos de extrema seca seguido por pesadas chuvas sazonais em 1994 e 2001 criaram condições para uma epidemia de um vírus de desordem canina (CDV) e vírus transmitido por carrapato Babesia, que periodicamente afeta as populações de leões, mas tipicamente ocorrem em isolamento, resultando em limitada mortalidade. As infecções sincronizadas mataram cerca de um terço dos leões em Serengeti em 1994 e quase 40 por cento da população em Ngorongoro Crater em 2001.
Os pesquisadores descobriram que enquanto a população de leoes são tipicamente resistentes às epidemias de CDV em isolamento, os dois surtos de mortes precedidos por secas extremas que enfraqueceram e deixaram as presas dos leões como os Cape bufalos muito suscetiveis à infecções por Babesia-transmitida por carrapatos. Os leões se aproveitavam das presas enfraquecidas mas a co-infecção que resultou disso foi catastrofica.
“Epidemias são geralmente presumidamente causadas por patogenias sozinhas, uma premissa que pode em algumas circunstâncias ser muito simplista. A convergência temporal e espacial de alguns agentes infecciosos sob condições ambientais que favorecem sua transmissão e propagação poderia criar uma “perfeita tempestade” de patogenias, resultando em grande mortalidade,” escrevem os autores. “Aqui nós apresentamos a primeira informação para claramente ilustrar o quanto extremos climáticos pode promover uma interação complexa entre epidemia e patogenia endêmica que são normalmente toleradas em isolamento, mas com a co-infecção, resultam em mortalidade catastrófica.”
Os pesquisadores advertem que interações similares são prováveis de ocorrer em outros locais e podem ser ainda piores com a mudança climática.
“Com o aquecimento global, há uma preocupação consideravel de que padrões ecológicos de doenças sejam alterados, como ocorreu com as recentes epidemias de alta mortalidade em anfíbios e corais,” eles escrevem, observando que o recente colapso de colônias de abelhas é outro exemplo de co-infecção.