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Destruição de pântanos agrava aquecimento global

Destruição de pântanos agrava aquecimento global

Destruição de pântanos agrava aquecimento global
pt.mongabay.com
Traduzido por Sean Santana
31 de Julho, 2008





A destruição do ecossistema das zonas úmidas gerará emissão massiva de gases de efeito estufa nos próximos anos, alertam especialistas reunidos na conferência internacional de zonas úmidas no Brasil.



Apesar de cobrirem apenas 6% da superfície do mundo, as zonas úmidas — charcos, pântanos, turfeiras, deltas de rios, manguezais, tundras, lagoas e várzeas — detêm aproximadamente 771 gigatoneladas de gases estufas, ou 10-20% do carbono do mundo. Além do armazenamento de carbono, as zonas úmidas possuem uma série de utilidades ambientais, incluindo filtração de água e armazenamento, controle de erosão, uma barreira contra alagamentos, reciclagem de nutrientes, manutenção da biodiversidade, e berçário para peixes. Entretanto, a drenagem e a destruição desses ecossistemas são responsáveis pelas grandes quantidades de emissões de carbono (40 toneladas de carbono por hectare por ano por florestas tropicais úmidas), bem como pela degradação de outros serviços que eles executam.



“Muito comum no passado, as pessoas inconscientemente consideravam as zonas úmidas um problema a ser resolvido”, disse o subsecretário-geral das Nações Unidas — Konrad Osterwalder, um dos organizadores da conferência. “No entanto, as zonas úmidas são essenciais para a saúde do planeta — e tardiamente percebidos, os problemas, na verdade, acabaram sendo a drenagem das zonas úmidas e outras ‘soluções’ que nós humanos inventamos”.



Um estudo recente estimou o valor econômico da prevenção de alagamentos e outros serviços ecológicos prestados pelas zonas úmidas em 15 mil dólares por hectare por ano, uma quantia maior que o de qualquer outro ecossistema — sete vezes mais que o do segundo mais caro, as florestas tropicais.

Cerca de 60% das zonas úmidas globais foram destruídas nos últimos 100 anos. 90% da zona úmida européia já se foram, enquanto que 90% da água doce dos pântanos da Malásia foram drenados para o cultivo de arroz.



A conferência, que espera 700 especialistas de 28 nações, buscará formas de desacelerar a destruição das zonas úmidas, assim como estratégias de reabilitação. Também será investigado o papel das zonas úmidas na manutenção dos serviços ambientais.



As zonas úmidas contêm uma quantidade de carbono comparável ao carbono existente na atmosfera atual. Esta foto mostra a destruição da turfeira em Kalimantan, Indonésia, na ilha de Borneo, para o cultivo da palmeira-de-óleo ou dendezeiro.

“Esta memorável conferência ao lado do Pantanal dará uma visão geral do status das zonas úmidas de todo o mundo, identificará lacunas no conhecimento, criará melhores colaborações e consistência nas pesquisas científicas sobre as zonas úmidas em todo o mundo, e oferecerá uma simples política para os tomadores de decisão, com caráter emergencial”, disse o professor Paulo Speller, da Universidade Federal de Mato Grosso que está recebendo o encontro, o VIII INTECOL — International Wetlands Conference (Conferência Internacional de Zonas Úmidas), realizada nos dias 21-25 de julho, na cidade de Cuiabá, na fronteira com o Pantanal da América do Sul, a maior zona úmida tropical do mundo.





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