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A quantidade dos alimentos é menos importante para o meio ambiente do que a escolha dos alimentos, conclui um estudo




A quantidade dos alimentos é menos importante para o meio ambiente do que a escolha dos alimentos, conclui um estudo

A quantidade dos alimentos é menos importante para o meio ambiente do que a escolha dos alimentos, conclui um estudo
Jane Liaw, especial para mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
23 de Junho, 2008





Os clientes preocupados sobre o meio ambiente não deveriam colocar “comprar produtos locais” no topo da lista de prioridades quando comprarem alimentos, de acordo com um estudo publicado online em 16 de Abril no jornal Environmental Science & Technology. O combustível queimado no transporte de alimentos de uma área agrícola para um mercado cria apenas uma pequena porcentagem das emissões totais de gases de efeito estufa associados como os alimentos. Ao invés, os conusmidores deveriam mudar suas dietas para incluir mais alimentos que requerem menos energia para serem produzidos em primeiro lugar.



Comprar produtos comestíveis com baixas “milhagens de alimento”—a distância que o alimento deve percorret para alcançar o consumidor—é um crescente movimento de consciência ambiental. Esses consumidores são condescendentes com os mercados dos fazendeiros da vizinhança para assegurar que os alimentos que consomem não foram transportados por grandes distâncias. Uma pequena viagem da fazenda ao prato do consumidor significa menos danos ambientais, ou assim pensa a sabedoria popular.



No entanto, o engenheiro Christopher Weber e H. Scott Matthews da Universidade Carnegie Mellon em Pittsburgh descobriu que apesar da maioria dos alimentos nos Estados Unidos serem transportados por longas distâncias, o proceso para preparar o alimento causa muito mais emissoes de gases de efeito estufa. Na verdade, eles rastrearam 83 por cento das pegadas dos alimentos que contribuem para o efeito estufa relacionado ás origens do alimento preparado em casa. O transporte contribui com apenas 11 por cento das emissões de gases de efeito estufa—e com o transporte do produtor ao varejista com apenas 4 por cento.



O início ao fim do processo de produzir e distribuir a carne vermelha causa mais emissões de gases de efeito estufa que qualquer outro grupo alimentar, com os produtos lácteos ficando em segundo lugar. Produtos de origem animal criam as maiores quantidades de óxido nitroso, emitido como resultado da fertilização do solo e manuseio do mesmo, porque os animais são ineficientes em usar a energia das plantas. Produzir carne vermelha e laticínios também causa o volume de todas as emissões do gás metano, o qual é liberado pelos animais ruminantes e fertilizante do estrume. Diminuir a emissão dos gases de efeito estufa significa optar por fontes de proteína como frango, peixes, ovos, e castanhas, bem como frutas e vegetais.








Os autores concluiram que mesmo pequenas mudanças na dieta alimentar em casa mesmo por alimentos que venham de distancias maiores reduziria as emissões de gases estufas no processo de preparação dos mesmos. Por exemplo, os autores descobriram que substituindo apenas 21 a 24 por cento de carne vermelha da dieta por frango ou peixe reduziria as emissoes de gases tanto quanto comprar produtos locais.



“Poucos trabalhos estão fazendo o que esses autores estão fazendo,” comentou Richard Pirog, diretor associado do Leopold Center para Agricultura Sustentável na Universidade do estado de Iowa. Pirog disse que o cientistas do Carnegie Mellon olharam para uma parte mais complexa do ciclo de vida alimentar do que a maioria dos outros pesquisadores tentaram. A maioria das análises examinaram itens alimentares isolados, como maçãs ou carne de carneiro, ou um pequeno grupo de alimentos; Weber e Matthews examinaram o ciclo de vida total dos gases de efeito estufa emitidos para produzir o alimento consumido pela população média de uma casa.



Nos últimos anos, os Estados Unidos importaram uma crescente porcentagem dos itens alimentares de outros países. A globalização frequentemente acrescenta grandes distancias à jornada de um item alimentar até chegar ao consumidor; de 1997 a 2004, a distância média percorrida pelos alimentos aumentou cerca de 25%, de 6760 quilometros a 8240 quilometros. Alguem poderia esperar que as emissoes de gases fossem muito maiores como resultado. No entanto, o transporte pelo oceano representa mais de 99 por cento do transporte marítmo internacional total, e o transporte oceânico usa muito menos energia que usar caminhões. Então, o estudo concluiu que a globalização do mercado de alimentos apenas aumentou as emissoes dos gases de efeito estufa em 5 por cento. O transporte ainda tem muito menos impacto no clima do que o processo de produção do alimento.



Weber não ficou surpreso pelo relativo pequeno impacto do transporte, mas ele ficou surpreso pela extensão à qual isso é verdade. “Eu estava esperando talvez 10 por cento, não 4 por cento,” disse ele.



Embora Weber e Matthews tenham criado um modelo holistico que inclui todas as emissões de gases de efeito estufa na cadeia de suprimento alimentar, Pirog observou que seu estudo apenas examinava os gases de efeito estufa local. Esses gases são apenas uma das consequencias ambientais de qualquer cadeia de suprimento alimentar, disse ele. Outras cargas incluem impactos na qualidade da água, chuva ácida, poluição sonora, e fumaça.



“A distância percorrida pelos alimentos são maneiras inadequadas de avaliação dos impactos ambientais,” Pirog disse. “As pessoas ressoam com ela porque ela é fácil de entender… mas nunca se quis dizer que era algum procurador para impacto ambiental.”



Pirog enfatizou, no entanto, que esse estudo “é significante por ser um dos primeiros trabalhos igualmente revisados nos Estados Unidos da comunidade do ciclo de vida que se concentra em alimentos locais.”



Weber disse que o modelo holistico pode ser aplicado a quaisquer produtos na economia Americana. O próximo passo da equipe é fazer uma total avaliação da economia, calculando a parte transportada no ciclo de vida dos bens de todos os setores. “Produtos derivados da madeira, por exemplo, não são de grandes gastos energéticos para se produzir, então o transporte é uma grande parte do impacto dos móveis de madeira. Ferro e aço são de grandes gastos energéticos para se produzir a partir do minério de ferro bruto, então o transporte é uma pequena parte,” disse Weber.



Ele ressaltou que seu estudo sobre as milhas dos alimentos não deve dissuadir os consumidores a deixar de comprar produtos locais. “Tanto eu quanto meu co-autor acreditamos que há muitas boas razões para comprar localmente, tais como apoiar a agricultura local,” disse Weber. ” Muitas pessoas dizem que alimentos locais são mais frescos e mais saborosos. Mas dada a escolha, para o consumidor médio, comprar alimentos locais não é tão importante quanto o que você come.”



Jane Liaw é um estudante de graduação no Programa de Comunicação de Ciencia na Universidade da California, em Santa Cruz.







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