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Povos indígenas do Congo mapeiam florestas com GPS para salvá-las

Povos indígenas do Congo mapeiam florestas com GPS para salvá-las
pt.mongabay.com
Traduzido por Sean Santana
31 de Julho, 2008





Esta semana, mais de quinhentos habitantes da floresta tropical da república Democrática do Congo empregarão tecnologia de GPS para preservar seu território das indústrias madeireiras.



A iniciativa da comunidade, de larga escala, é gerenciada pela Rainforest Foundation UK (RFUK), que treinou 66 “mestres em mapear” para ajudar os habitantes a mapear seu território usando motos e canoas. As vilas estão tendo todo o seu território no Congo mapeado, mas também estão usando o GPS para marcar áreas importantes, incluindo suas vilas, lugares sagrados e locais de pesca e caça.


O Congo possui a segunda maior floresta tropical do mundo. Ela foi bastante afetada pelas duas guerras civis na República Democrática do Congo (RDC). A primeira durou de 1996-1997; a segunda de 1998-2003. O segundo conflito, as vezes chamado de Guerra Mundial Africana, leva a dúbia distinção de ser o conflito que mais matou desde a segunda guerra mundial. Durante essas guerras devastadoras, milícias e exércitos exploraram a floresta e seus nativos com impunidade. Desde o fim da guerra, a estabilidade política da RDC tem significado que as suas florestas estão sob nova pressão, desta vez pela indústria e mais comumente pelas empresas madeireiras internacionais.



“Há uma corrida pelas árvores”, de acordo com Rene Ngongo, da ONG local, Organisation Concertée dés Ecologistes ET Amis de La Nature (OCEAN), que tem trabalhado com a RFUK. “O que está em jogo é enorme. Dois terços das pessoas do Congo dependem da floresta para conseguir alimento, remédios e materiais de construção. É um perigo para a sobrevivência tanto das pessoas quanto dos animais”.


Os nativos das florestas foram por muito tempo excluídos das políticas relacionadas à floresta; a esperança é que esses mapas possam mudar isso. “Será a primeira vez que alguém da RDC saberá que essas comunidades que dependem da floresta existem,” disse Cath Long, diretora do projeto da RFUK. “Seus mapas serão uma ferramenta vital para que as comunidades negociem com o governo. Isso lhes permitirá mostrar que eles estão lá, e que eles devem ser levados em consideração quando decisões relativas à floresta em que eles vivem sejam tomadas.



Os mapas devem estar completos em 8 de maio, em tempo para o encontro em que o governo da RDC decidirá quantos territórios da floresta serão utilizados. O encontro poderá afetar a política relativa à floresta na RDC por décadas. Para os habitantes nativos, que já viram parte do território tomado pelas companhias madeireiras, esta é uma oportunidade de fazer com que suas vozes sejam ouvidas.


Simon Counsell, diretor da RFUK, acrescenta que a preservação da floresta tropical do Congo, ou sua destruição, não pode mais ser vista como uma mera questão regional. “Essa é uma questão que afeta a todos nós não apenas porque as florestas tropicais são o lar de aproximadamente 50 milhões de indígenas e de mais espécies vegetais e animais do que qualquer outro ecossistema terrestre, mas também porque a proteção das florestas é essencial para o combate ao aquecimento global”.





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