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Crédito de carbono das florestas poderiam guiar o desenvolvimento no Congo

Créditos de carbono das florestas poderiam guiar o desenvolvimento no Congo

Crédito de carbono das florestas poderiam guiar o desenvolvimento no Congo:
Entrevista com Nadine Laporte, especialista na detecção remota
Rhett A. Butler, mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
20 de Junho, 2008





Uma iniciativa para reduzir as emissões de gases de efeito estufa oferencedo créditos de carbono para países que reduzem o desflorestamento pode ser um dos melhores mecanismos para promover o desenvolvimento sustentável na África Central diz uma especialista em detecção remota do Centro de Pesquisas Woods Hole (WHRC).



Dra. Nadine Laporte, uma cientista associada com o WHRC que usa a detecção remota para analisar a mudança no uso da terra na Africa, diz que o REDD poderia proteger as florestas, salvaguardar a biodiversidade, e melhorar os meios de substência rural na República Democrática do Congo (DRC) e outras nações da África Central.



“O REDD é talvez a maneira mais promissora de proteger as florestas nos trópicos, incluindo todos os páises da Africa Central,” Laporte contou a mongabay.com. “Os créditos de carbono representam o maior fluxo de potencial de renda para apoiar o desenvolvimento sustentável as regiões de floresta tropical, particularmente porque a maioria dos serviços ecológicos fornecidos por esses ecossistemas (biodiversidade, hidrologia, subsistência dos povos da floresta, etc) não tem mecanismos fortes para promover sua conservação.”



Dra. Nadine Laporte

Mas Laporte adverte que o REDD não é uma solução autonoma para o desenvolvimento em DRC — deve ser integrado dentro de um programa nacional envolvendo os setores industriais emergentes do país. O REDD exigirá que a implementação de uma monitoração melhorada e capacidade de governância seja bem sucedida.



“É necessário reforçar a capacidade nacional de monitorar as florestas e identificar as melhores alternativas para reduzir a degradação e o desflorestamento, apesar da ampla variação entre regiões e tipos de uso da terra,” disse ela. “Além disso, a maioria dos povos na República Democrática do Congo, por exemplo, precisam da lenha para suas necessidades de energia. Como tal, é importante desenvolver programas do REDD em sinergia com a floresta, a agricultura e setores de energia.”



Laporte diz que a detecção remota pode ajudar os esforços identificando onde e porquê o desflorestamento está ocorrendo; a conformidade da terra para diferentes tipos de usos incluindo a agricultura; e estoques de carbono das florestas. Recentemente Laporte usou imagem de satélite para mapear o potencial para o REDD e para avaliar a extenção de estradas que levam às áreas de extração em algumas das partes mais remotas da Bacia do Congo. Em conjunção com a detecção remota, Laporte também trabalha em campo, treinando pessoas nos países da África Central para usar a detecção remota por satélite para mapear e monitorar a floresta. Com ela tem muitas partes interessadas incluindo cientistas, grupos de conservação, departamento silvicula do governo, povos florestais e empresas de extração de madeira.

Laporte discutiu esses projetos e mais em uma entrevista em Maio de 2008 para mongabay.com.




Mongabay: Qual a sua área de pesquisa?



Nadine Laporte com Olivier Desmet CIB Unidade de Gestão Florestal em uma concessão de extração de madeira

Nadine Laporte: A maioria de minha pesquisa é focada na aplicação de imagem de satélite para monitoração e gerencia dos ecossistemas tropicais, incluindo mapeamento da vegetação, análise das mudanças no uso da terra e modelamento de impactos dessas mudanças na biodiversidade e no ciclo do carbono. Eu também me concentro no treinamento de pessoas em países da África Central para usar a detecção remota por satélite para mapeamento e monitoração de florestas, incluindo aqueles que trabalham para os Serviços Florestais Nacionais, e biólogos e ecologistas que trabalham para organizaçãos internacionais de conservação em parques e áreas protegidas. Eu trabalho com silvicultores em companhias de extração florestais privadas, incluindo o Congolaise Internationale des Bois (CIB).



Mongabay: Is most of your work done in the field, via remote sensing, or a combination of the two?


Mapas de gerenciamento florestal da concessão CIB de extração de madeira + endereço do web site da CIB




Nadine Laporte: Meu grupo usa uma combinação de imagem de satélite integrada com informação de campo. Nós confiamos na informação de campo para a calibragem de nossos modeloes e também para a validação de nossos resultados. Para produzir nossos mapas de distribuição de biomassa da África tropical, por exemploe, nós coletamos informações de campo de sivicultores e instituições nacionais. Na República do Congo algumas de nossas análises de deteção remota tem sido usadas para desenvolver padrões de mapeamento e planos de gerenciamento de florestas. Na Republica Democrática do Congo nosso mapa de biomassa foi usado para calcular o nivel de compensação necessário para reduzir as emissoes do desflorestamento.



Mongabay: Como voce se envolveu nesse trabalho que realiza hoje?



Nadine Laporte: Eu estudei biologia tropial em Toulouse, França, quando o programa espacial francês estava apenas começando. Usando imagem de satélit par monitoração das florestas tropicais me parecem uma área ideal de pesquisa aplicada, e eu decidi estudar as florestas a partir do espaço. A detecção remota não foi ensinaa na Universidade (Paul Sabatier) ainda, mas eu consegui um estágio no laboratório para Mapeamento Internacional dirigido por um Professor Blasco. Naquela época eles tinham um computador tão grande quanto um Fiat e eu comecei a aprender o básico em análises de detecção remota por satélite. Eu sempre fui fascinada pelas florestas tropicais, e trabalhar no melhor da conservação da floresta e gerenciamento se tornou ainda mais critico como conversão para as colheitas e os pastos continuam a aumentar na maioria dos paises tropicais.



Mongabay: Dado o estado de infraestrutura da Republica Democrática do Congo, a detecção remota é um caminho eficiente para monitorar as partes remotas de parques no páis? O que pode a detecção remota apresentar além da extensão da cobertura florestal?



Mapas de gerenciamento florestal da concessão CIB de extração de madeira + endereço do web site da CIB

Nadine Laporte: A extensão e afastamento da densa floresta úmida da República Democrática do Congo torna a detecção remota uma ferramenta essencial para monitorar e mapear – na verdade é a única maneira práticavel de fazê-lo. Por exemplo, usando imagem Landsat nós eramos capazes de mapear a expansão de estradas pela África Central (veja Laporte et al. 2007, Expansão da extração de madeira industrial na África Central. Science 316:1451). Nós também pudemos mapear a biomassa através do continente. Esse mapa de biomassa (o primeiro de seu tipo) foi derivado usando imagem de sensor MODIS e um grande jogo de medidas de campo (veja Baccini et al. 2008, Um primeiro mapa da biomassa da África tropical derivada de imagem de satélite, Environment Research Letters, online). A distribuição espacial da biomassa é um elemento chave no esforço para reduzir a incerteza do equilibrio global do carbono e em quantificar as emissoes de carbono associadas com a mudança de cobertura de terra para os mercados emergentes de carbono.



Mongabay: Você recentemente completou uma avaliação prelimnar para o potencial do REDD na República Democrática do Congo. Você pode destacar algumas de suas descobertas?



Nadine Laporte: Descobrimos que mais de 17 bilhoes de toneladas métricas de carbono são estocadas na biomassa na RDC. Durante o período de 1990 a 2000, as emissões anuais de CO2 do desflorestamento foram estimadas em 226 milhões de toneladas. Muito desse carbono não é imediatamente liberado para a atmosfera mas permanece como madeira morta ou como produtos de madeira removidos da floresta, ambos dos quais tem menores taxas de decréscimo de emissões. Estimamos que para uma redução de 50 por cento nas emissões de carbono, a compensação rural total do agregado familiar estaria entre $120 milhões a $400 milhões por ano por 10 anos, dependendo no nivel de compensação requerida (i.e. entre $300 e $1000 por agregado familiar por ano). O preço médio do carbono para alcançar essa compensação iria de $19 a $65 por tonelada com mais de 30 milhões de toneladas de carbono disponivel para mercados de carbono para menos de $10 por tonelada. Créditos de carbono representam o maior potencial de renda para apoiar o desenvolvimento sustentável em regiões florestais tropicais, particularmete porque a maioria dos serviçoes ecológicos fornecidos por esses ecossistemas (biodiversidade, hidrologia, substencia dos povos florestais, etc) não tem mecanismos fortes para promover sua conservação. Na Republica Democrática do Congo, estamos focalisando na capacidade de construção do governo e com a sociedade civil para tomar vantagem desse novo mecanismo.



Mongabay: Você vê o REDD como uma forma viável de uso de terra na República Democrática do Congo para o futuro? O REDD será uma boa maneira de proteger as florestas dessa região?



Distribuição do desflorestameno e concessões de minas (introduzir-topo-esquerda) na RDC. NEcessidade economica e uma renda poencial vasta da mineração resume as negociações entre o desenvolvimento e a proteção de recursos enfrentadas pela Republica Democrática do Congo. O desflorestamento na RDC é em grande parte um resultado do desmatamento pelo corte e queima da agricultura.

Nadine Laporte: O REDD é talvez a maneira mais promissora de proteger as florestas na maior parte dos trópicos, incluindo todos os países da África Central. Os mecanismos do REDD são designados para reduzir as emissões desencorajando o desflorestamento e a degradação da floresta, e como tal é uma forma para modificar o uso de terra -mas não é uma forma de usar a terra. Em Abril de 2008 nós organizamos o primeiro workshop sobre o REDD na República Democrática do Congo, em Kinshasa, em colaboração com o Ministro do Meio Ambiente e outros ministros da RDC, membros de Ongs da atual sociedade civil (desde senadores à agricultores de subsistência). Durante as discussões, uma das condições para um programa REDD bem sucedido na RDC veio como um mecanismo para ligar os programas REDD dentro de programas nacionais de desenvolvimento e conservação em curso. Se tornou claro que é necessário reforçar a capacidade nacional de monitorar as florestas e identificar as melhores alternativas para reduzir a degradação e o desflorestamento, apesar da ampla variação entre regiões e tipos de uso de terra. Além disso, a maioria das pessoas na RDC, por exemplo, contam com a madeira para suas necessidades de energia. Como tal, é importante desenvolver os programas do REDD em sinergia com a floresta, a agricultura e setores de energia. Uma enorme fonte em potencial para a Republica Democrática do Congo é uma eletrificação de amplitude nacional usando a energia gerada de Inga Dam, em Kinshasa, que poderia produzir energia suficiene par o país inteiro e ainda ter reservas para exportar para países vizinhos. Algumas recomendações adicionais estão disponiveis no relatório que preparamos para Bali na redução de emissões de CO2 do desflorestamento e a degradação da floresta na Republica Democrática do Congo (Laporte et al. 2007; liberado pelo Centro de Pesquisas Woods Hole na Convenção de Estrutura das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC) Conferencia dos Partidos (COP), Treze sessões de 3 a 14 de Dezembro 2007, Bali Indonesia).



Mongabay: Além do REDD, você recomenda outros caminhos para proteger as florestas e a vida selvagem na Republica Democrática do Congo?


Estrada da floresta úmida da África Central. Foto por Nadine Laporte.

Nadine Laporte: Os projetos de reflorestamento na RDC tem sido limitados exceto projetos agro-florestais do Clean Development Mechanism (CDM) podem aumentar e complementar os mecanismos REDD. A proteção das florestas em alto risco de desflorestamento serão de alta prioridade para o REDD. Protegendo o carbono estocados na biomassa da floresta da região não estamos apenas protegendo o sistema global de clima para futura interrupção, mas também protegendo habitats para a biodiversidade e povos da floresta.



Mongabay: Você publicou algumas pesquisas interessantes sobre o papel das estradas de extração de madeira no mercado de caça na Bacia do Congo. É provável que a extração continue ser um condutor da caça predatória na região? As estradas de extração de madeira facilitam o desenvolvimento da agroindustria nas áreas florestais?



Estrada de extração em países do Congo.

Nadine Laporte: Estradas abertas em áreas florestadas aumentam o risco de desflorestamento e caça predatória onde a densidade populacional humana está alta criando melhor acesso pelos mercados para os bens produzidos nas florestas convertidas. É portanto muito importante desenvolver usos alternativos da terra, trabalhando com populaçãoes rurais, quando novas estradas são planejadas, criadas ou restauradas. Se um programa de infraestrutura nacional for lançado na República Democrática do Congo sem o desenvolvimento de um programa rural, e.g. para ajudar os fazendeiros a encontrar alternativas ou um caminho para intensificar sua agricultura, é provável que o desflorestamento e a caça predatória amentem. Os mecanismos do REDD podem prover alguns financiamentos para reduzir o desflorestamento mas incentivos para populações locais são críticas, como são as recompensas para gerenciamento apropriado via técnincas de colheita da floresta – incluindo abandono de estradas e extração com impacto reduzido. Porque é provável que o setor de agroindustria aumente na RDC, nós estamos trabalhando para encorajar a silvicultura responsável e sustentável antes que tudo se converta para, por exemplo, as plantações de óleo de palma. Essas plantações poderiam rapidamente se expandir na região como um resultado de intenso investimento Chinês e o crescente preço e a demanda por óleo. Nós precisamos ajudar o governo a identificar os melhores cenários que irão minimizar as emissões de C02 mas também a favor do desenvolvimento. Alguns cenários para endereçar isso são explorados em nosso relatório de Bali.



Mongabay: Você tem algum conselho para os estudantes desejosos de seguir seus passos?



Nadine Laporte: Eu recomendaria aos estudantes se voluntariar em laboratórios de pesquisas e varios projetos nos trópicos. A necessidade nunca foi mais ugente ou mais crítica que agora. Nós temos apenas um planeta azul – e quem quer viver em Marte?



Mongabay: Qual o seu lugar favorito nos trópicos?



Nadine Laporte: Eu não tenho nenhum favorito em particular – há muitos lugares que são unicos e especiais de sua própria maneira, e cada um contribui para a diversidade da vida e cultura na África Central.






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