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Técnicas de cultivo na Amazônia pode combater o aquecimento global

Técnicas de cultivo na Amazônia pode combater o aquecimento global

Técnicas de cultivo na Amazônia pode combater o aquecimento global
mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
14 de Maio, 2008




“Agricultura Ouro Preto” Pode Revolutcionar o Cultivo, e Combater o Aquecimento Global



Mil e quinhentos anos atrás, povos tribais da Bacia Amazônica central misturaram seu solo com carvão derivado de ossos de animais e de cascas de árvore. Hoje, no local desse depósito de carvão, cientistas descobriram que alguns dos solos mais ricos e férteis do mundo. Agora essa técnica de cultivo simples e antiga parece bem á frente, mantendo a promessa de uma estratégia de carbono negativa para controlar a fome no mundo bem como os gases de efeito estufa.

No 235º encontro nacional da Sociedade Química Americana, os cientistas relatam que o carvão derivado da biomassa aquecida tem uma habilidade inaudita de melhorar a fertilidade do solo — que ultrapassa o adubo, estrume animal, e outros condicionadores bem conhecidos do solo.

Eles também sugerem que o chamado “biochar” realça profundamente o carbono natural aumentando a habilidade do solo. Chamado de “agricultura ouro preto,” os cientistas dizem que essa “revolucionária” técnica de cultivo pode fornecer uma estratégia barata e direta para reduzir os gases de efeito estufa apreendendo-os em um solo com corvão.

“A fertilização com carvão pode permanentemente aumentar o conteúdo de matéria orgânica do solo e melhorars a qualidade do mesmo, mantendo o solo por centenas de milhares de anos,” relatam Mingxin Guo, Ph.D., e colegas. No que eles descrevem como um “novo e pioneiro” relatório ACS — a primeira investigação sistemática da melhora do solo pela fertilização através do carvão — Guo descobriu que os solos que recebem o carvão produzido a partir de desperdícios orgânicos eram muito mais frouxos, absorviam significantemente mais água e nutrientes e produziam maior quantidade de biomassa. Os autores, com a Universidade do estado de Delaware, dizem que “os resultados demonstram que a emenda do carvão é uma aproximação revolucionária da melhoria da qualidade do solo a longo prazo.”

A deterioração do solo pelo esgotamento da matéria orgânica é um problema global cada vez maior que contribui para a fome a desnutrição. Frequentemente um resultado do cultivo não sustentável, uso excessivo de fertilizantes químicos e da seca, as principais armas para combater o problema —adubo, estrume animal e restos da colheita — se decompõem rapidamente.

“O solo da Terra é a maior piscina terrestre de carbono,” disse Guo. “Em outras palavras, a maioria do carbono da Terra está no solo.” Mas se esse solo é intensamente cultivado por tillage e fertilização química, a matéria orgânica do solo será rapidamente decomposta em dióxido de carbono pelos micróbios do solo e liberados para a atmosfera, deixando o solo compactado e pobre em nutrientes.

Aplicar materias orgâncias cruas ao solo apenas provê uma solução temporária, desde que a matéria orgância aplicada se decomponha rapidamente. Converter esse material cru inutilizado em biochar, um fertilizante estável e atóxico, poderia manter o carbono no solo e fora da atmosfera, diz Guo.

“Falando em termos de fertilidade e produtividade, a qualidade do solo será melhorada. É um efeito a longo prazo. Depois de aplicá-lo uma vez, ele estará lá por centenas de anos,” de acordo com Guo. Com essa estrutura porosa e rica em nutrientes e com capacidade para reter água, o biochar poderia se tornar uma opção extremamente atraente para plantadores comerciais e jardineiros que procuram melhoria para o solo a longo prazo.

Os pesquisadores plantaram trigo de inverno em potes de terra em uma estufa. Alguns potes de terra foram emendados com dois por cento de biochar, gerados de ingredientes prontamente disponíveis como folhas de árvores, haste de milhos e lascas de madeira. Os outros potes continham terra comum.

O solo com infusão de biochar mostrou germinação vastamente melhorada e taxas crescentes comparadas ao solo regular. Guo diz que até mesmo um por cento de tratamento de carvão levaria à uma colheira melhorada.

Guo é “otimista” que essa técnica de cultiv pode ajudar a alimentar países com solo pobre em qualidade. “Esperamos que essa tecnologia será extendida ao mundo todo,” diz Guo.

“A produção de terra atualmente arável poderia ser significantemente melhorada para fornecer mais comida e fibra para a crescente população. Nós queremos chamá-la de a segunda revolução agrícola, ou revolução ouro preto!”

Ele sugere que a produção de carvão tem sido praticada por pelo menos 3000 anos. Mas até agora, ninguém precebeu que esse carvão poderia melhorar a fertilidade do solo até que os arqueólogos tropeçaram no solo do Amazona há alguns anos atrás.

A produção de Biochar é direta, envolvendo um processo de aquecimemto conhecido como pirólise. Primeiramente, os resíduos orgânicos tais como as folhas das árvores e lascas de madeira são embalados em um recipiente de metal e selados. Então, através de um pequeno buraco no topo, o recipiente é aquecido e o material queima. A matéria crua orgânica é transformada em carvão preto. A fumaça gerada durante a pirólise também pode ser coletada e condensada para formar bio-óleo, uma fonte de energia renovável, diz Guo.

no lugar da patente biochar, Guo diz que ele está mais interessado em extender a tecnologia para a pratica o mais breve possível. Para essa finalidade, seus colegas da Universidade do estado de Delaware estão investigando uma produção padronizada para o biochar. Eles também prevêem estudos a longo prazo para validar e demonstrar a tecnologia. Guo observou que as desvantagens do biochar incluem custos de transporte resultantes de sua massa e a necessidade de desenvolver novas ferramentas para espalhar fertilizantes granular nas grandes porções de terra.

Os pesquisadores estão para embarcar num estudo de cinco anos sobre os efeitos do “ouro preto” no espinafre, pimentões, tomates e outras colheitas. Eles procuram efeitos a longo prazo da fertilização do biochar no solo, da produtividade da colheita e seus efeitos na comunidade dos microorganismos do solo.

“Através desse trabalho a longo prazo, nós mostraremos às pessoas que a fertilização de biochar irá significantemente mudar nossos atuais conceitos de cultivo,” diz Guo.


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