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O FSC é o ‘Enron da Silvicultura’ diz ativista da floresta úmida

O FSC é o ‘Enron da silvicultura’ diz ativista da floresta úmida

Uma entrevista com Simon Counsell, Diretor da Fundação da Floresta Úmida Inglaterra:
O FSC é o ‘Enron da Silvicultura’ diz ativista da floresta úmida
Jeremy Hance, mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
14 de Maio, 2008




Simon Counsell responde a uma entrevista do grupo de certificação da floresta. Entrevista da FSC




Em 14 de Maio, Mongabay imprimiu uma entrevista com a Gerente de Comunicações Internacional da FSC, Nina Haase, na qual ela defendeu o FSC das críticas dirigidas à ela por várias organizações ambientais, tais como o Movimento da Floresta Úmida do Mundo e a Internet Ecológica. A entrevista rendeu fortes reações de ambos os lados, e Simon Counsell, diretor da Fundação Floresta Úmida Inglaterra, requeriu a possibilidade de responder à detalhada entrevista da FSC. Nesta resposta, ele afirma que a FSC criou uma “‘corrida inferior’ dos padrões de certificação”, alegando que a “FSC realmente se torna o ‘Enron da silvicultura'”.



Counsell, um membro fundador do FSC, tem estado monitorando a organização desde sua criação em 1993. OS problemas com o FSC não são novos diz Counsell: “Não passado muito tempo da existência do FSC, nós começamos a escutar relatórios preocupantes… Em alguns casos, os certificados eram emitidos à companhia que tiveram um registro ambiental e social pobre. Em 2000, nós contratamos uma série de expecialista locais e internacionais para investigar e e preparar uma série de estudos de casos sobre tais problemas em um numero de países. Os resultados foram alarmantes, e nós percebemos que esses não eram apenas casos isolados de ‘maus’ certificados, mas o resultado dos problemas sistêmicos dentro do FSC.”


Simon Counsell. Foto by Third Sector Magazine

Counsell acredita que muitos dos inconvenientes do FSC são devido à sua tendência de olhar para cada operação de extração de madeira individual como uma entidade separada ao ignorar o grande retrato do que a extração industrial está fazendo à ecologia das florestas úmidas. “Enquanto uma concessão de extração de madeira pode parecer ‘sustentável’ em pequena escala, o modelo inteiro de denvolvimento que acompanha as concessões industriais de extração de madeira poderia ser altamente não sustentável e destrutiva,” diz Counsell. Ele continua com examplos na Amazonia e Indonésia: “Pesquisa no Amazonas tem mostrado que, num período de anos, a extração comercial aumenta incrivelmente a propensão total da floresta de secar, queimar, e desaparecer. Isso acontece independente das áreas estarem registradas ou não. Na Indonésia, ambientalistas locais e especialistas nos direitos indígenas já há muito tempo dizem que não tem sentido em apenas certificar a companhia de extração ‘exemplar’ aqui e lá, porque o sistema inteiro de concessões de extração industrial precisa desmontar, e que a maioria das florestas deveriam ser destinadas de volta à seus donos originais por direito, as comunidades indígenas.”



Outro problema que Counsell vê como prejudicial à credibilidade do FSC é sua certificação de produtos de ‘fontes misturadas’, que permite que até 90% de fibra de madeira em alguns produtos rotulados como do FSC venham de florestas ou plantações que não estão de fato certificadas no FSC, mas são supostamente ‘dontes controladas’. A verdade é que essas fontes não são ‘controladas’ – e muitos produtos do FSC são prováveis ter material incluso que vêm de operações ilegais, ou florestas de Alto Valor de Convervação, ou áreas que são reinvidicadas por povos indígenas. As políticas das fontes misturadas está permitindo a lavagem de madeira inaveitável dentro do sistema do FSC.”


A plantação certificada FSC no Sul da África dirigida pela Sappi, uma das maiores companhias de polpa e plantações do mundo. Foto by Chris Lang

Além disso, Counsell vê a reivindicação do FSC de que eles tornam as florestas economicamente viáveis pouco a pouco através da extração de plantações antigas e monoculturas como simplesmente errôneas. O FSC argumenta que fazendo partes da floresta valer algo economicamente protege a floresta da destruição devido à extração ilegal de madeira, agricultura, ou fazendas, em outras palavras cultivando uma parte da floresta salva o resto dela. Counsell discorda: “O velho argumento ‘use ele ou o perca’ em relação às florestas tem sido o favorito pela industria florestal. O problema é que quase parte nenhuma disso parece ser verdade. Ao menos nos trópicos, muitas décadas de experiencia com a indústria da madeira o que realmente tem acontecido é ‘use-a E perca-a’. Extração industrial em escala nas florestas úmidas tropicais, porque é em sua maioria ecologicamente não sustentável, é quase sempre sucedida pelo desmatamento completo da terra.”



Na entrevista, Counsell responde diretamente à algumas reivindicações feita pelo FSC. Ele afirma que tem havido muitos registros de que o FSC está vendendo madeira extraida ilegalmente e que o FSC tem causado mais prejuízo do que benefício aos grupos indigenas: “Eu estou consciente dos casos onde tem havido serios abusos dos direitos dos povos indigenas’ em áreas certificadas do FSC”. Em relação às reivindicações do FSC que suas plantações der monoculturas não substituem a floresta, Counsell respondeu: “Na verdade, muitas das áreas que estão agora certificadas pelo FSC eram antes florestas naturais. Também, as plantações certificadas do FSC tem destruído muitos ecossistemas naturais não- florestais importantes, desde pastos na Africa do Sul à pântanos de turfa na Irlanda.”



Em sua entrevista, Ms. Haase expôs alguns métodos pelos quais ONGs podem aumentar as preocpações sobre as certificações FSC. Counsell, tendo passado por tais processos no passado, afirma que a estrutura é incomoda, consome muito tempoe e no final não muda nada. “No final dos anos 90, a Fundação Floresta Úmida trabalhava com ONGs da Indonésia para trazer uma reclamação formal ao FSC sobre um certificado que tem sido concedido à uma companhia de extração de florestas na Sumatra.” Counsell diz. “Nós tinhamos muita evidência, verificada pela inspeção de campo, relatórios detalhados e vídeo, que haviam muitos problemas com a companhia, incluindo a madeira ilegal, e conflitos com comunidades locais. A reclamação levou quatro anos para passar pelo processo do FSC — e apenas então resultou na concordância do FSC de fazer mais monitoração. Ela permanece certificada.”



Counsell reconhece que por agora o FSC é apenas um corpo de certificação para a silvicultura ‘sustentável’ forestry, mas diz que “ser o melhor de um grupo de péssimos não parece ser um elogio,” acrescentando que “o mais importante é quet os compradores de madeira não podem mais confiar nele, no entanto ele ainda é melhor que muitos esquemas.”


Essa figura da Eslovaquia mostra uma das operações da companhia do estado, que tem tido muitas de suas regiões certificadas. Isso na verdade ilustra muito bem um dos pontos principais na entrevista, porque isso foi originalmente certificadi pela Associação do Solo, mas então perdeu seu certificado por causa de pobres práticas de gestão, mas então eles foram procurar outro certificador, SGS, e conseguiram ser re-certificados. Foto por Maria Hudakova, WOLF/Friends of the Earth Slovakia.

Para ganhar de volta sua credibilidade, Counsell sugere que o FSC “precisa quebrar o link economico direto entre os certificadores e os madeireiros que querem ser certificados. Precisa -se decretar sanções mais estritas contra certificadores que quebram as regras…Precisa-se fazer os certificadores competir pelos contratos de certificação com base em avaliações até os mais altos padrões técnicos. Precisa-se banir imediatamente a introdução dos certificados onde não há nenhum padrão local de silvicultura que tenha sido concordado pelas partes interessadas locais. Precisa-se cancelar os certificados que foram emitidos à companhias que não coumprem com os Princípios e Critérios de boa gestão florestal do FSC.”



Simon Counsell tem um conselho diferente para os consumidores. Ao invés de encorajar os consumidores a procurar o selo do FSC, Counsell preferiria ver os consumidores diminuir o uso de produtos florestais juntos: “Usar menos produtos florestais sempre que possível. Escolher produtos reciclados ou re-utilizáveis…Comprar produtos que vêm de países onde os padrões de silvicultura são mais altos e reforçados pela lei”. Extendendo essa idéia ao mercado global, Counsell acredita que a melhor maneira de parar com a extração de madeira é acabar com o consumo em excesso dos produtos de madeira restringindo sua disponibilidade. “O que é preciso é um regulamento governamental mais próximo de como as florestas são usadas. Se o suprimento de produtos de madeira for restrito, os preços aumentarão, e a sociedade encontrará menos apetite para o desperdício dessa fonte valiosa como ocorre atualmente.”



Na seguinte entrevista de Abril de 2008, Simon Counsell discute problemas sistemáticos que ele enxerga no FSC, e as maneiras pelas quais o corpo de certificação deveria ser melhorado para ganhar de volta sua credibilidade com os grupos ambientais e os consumidores.



COMO UMA FONTE NO FSC



Mongabay.com: Há quanto tempo sua organização, Fundação Floresta Úmida Reino Unido, vêm monitorando as decisões do FSC?



Simon Counsell: Eu pessoalmente fui envolvido com as iniciativas de certificação da floresta desde antes de o FSC ser estabelecido, e era membro do ‘Grupo de Trabalho de Certificação’ que era um precursor do FSC e deixou um pouco de seu fundamento. Eu era então um dos membros fundadores do FSC, e o tenho seguido desde seu estabelecimento em 1993. Eu estava muito envolvido na iniciativa Nacional FSC do Reino Unido, incluindo uma contribuição para o desenvolvimento dos padrões nacionais do FSC Reino Unido.


Plantação certificada pelo FSC na Africa do Sul dirigida pelo Sappi, uma das maiores plantações do mundo e companhias de polpa. Foto by Chris Lang

Mas não demorou muito desde a existencia do FSC, começamos a escutar relatórios preocupantes, incluindo os de muitas organizações locais parceiras da Fundação Floresta Úmida nos países tropicais, sobre problemas com as companhias certificadas pelo FSC. Em alguns casos, os certificados estavam sendo dados à companhias que um pobre recorde ambiental e social. Em 2000, nós comissionamos uma série de especialistas locais e internacionais para investigar e preparar uma série de estudos de casos sobre tais problemas em um numero de países. Os resultados foram alarmantes, e percebemos que esses não eram casos isolados de ‘más’ certificações, mas o resultado de problemas sistemáticos dentro do FSC.



Nós mostramos nossos resultados para o Quadro e a Diretoria do FSC em meados de 2002. Eles nos agradeceram pelo nosso trabalho – e não fizeram nada. Então nós publicamos os resultados detalhados, juntamente com nossas recomendações pra melhorias da confiabilidade do FSC, no relatório ‘Negociando com Credibilidade’, do qual nós demos uma cópia para cada membro do FSC que atendeu à Assembléia Geral de 2002.



A análise da Negociando com Credibilidade é, eu penso, tão verdadeira agora como era na época. Se qualquer coisa acontecer, a situação provavelmente tem piorado, os chamados certificadores do FSC são acreditados estarem mais fora de controle agora do que nunca.



NAS PLANTAÇÕES DE MONOCULTURAS CERTIFICADAS DO FSC



Mongabay.com: Você concorda com as recentes críticas do FSC, a saber da desaprovação da Internet Ecológica do FSC por seu apoio à extração de madeira de velho crescimento e a crítica do Movimento da Floresta Úmida Mundial a respeito das certificações das plantações da Veracel?



Simon Counsell: Um dos problemas que se tornaram evidentes através da nossa pesquisa em 2000-2002 é que o FSC apenas considera que a qualidade da produção de madeira no nível de ‘unidade de gestão florestal’ — que geralmente significa que companhia de extração individual, ou as vezes apenas parte das operações de uma companhia. O problema sobre isso é que, enquanto uma concessão de extração de madeira poderia parecer ‘sustentável’ nesse nível de pequena escala, todo o modelo de desenvolvimento que acompanha as concessões da extração industrial poderia ser altamente não sustentável e destrutiva.


Corte-queima em Raheen wood, Irlanda. Foto por Wally Menne.

Então, por exemplo, a pesquisa no Amazonas mostra que, durante um período de anos, a extração comercial aumentou muito a propensão da floresta para a seca, queimadas e extinção. Isso acontece independente de as áreas extraídas serem certificadas ou não. Até florestas certificadas causam fragmentação de nível de paisagem da floresta, que reduz o valor de habitat para a vida selvagem.



Na Indonésia, ambientalistas locais e especialistas nos direitos indigena disseram que não adianta apenas certificar as companhias ‘exemplares’ aqui e lá, porque todo os sitema das concessões de extração industrial precisa ser desmontado, e a maioria da floresta deveria ser devolvida à seus proprietários por direito, as comunidades indígenas. Então, nesses casos, o FSC está servindo para legitimar uma aproximação de ‘gestão florestal’ que está fundamentalmente prejudicada.



A respeito das plantações, o problema é que o FSC tem falhado ao reconhecer que a maioria do que está certificando é uma falsa noção de florestas. Elas náo tem biodiversidade, nenhum valor cultural ou social, e frequentemente provê poucos serviços ambientais — ou seja, lhes falta a maioria das características chaves para serem consideradas ‘florestas’, e deveriam ser melhores descritas como fábricas livres. Se é o papel de uma organização com a palavra ‘Floresta’ em seu nome emitir ‘eco-certificados’ para tais locais, eu tenho sérias dúvidas.



Mongabay.com: FSC afirmaram que as plantações de monocultura que eles certificam não substituem a floresta natural. Isso é verdade?



Simon Counsell: O FSC tem uma regra de que plantações não podem ser certificadas se elas foram estabelecidas em terras recentemente desflorestadas. Mas na verdade, muitas dessas áreas que estão agora certificadas pelo FSC eram antes florestas naturais. Também, as plantações certificadas pelo FSC tem destruído muitos outros ecossistemas não florestais importantes, desde pastos na Africa do Sul até pântanos de turfa na Irlanda.



Mongabay.com: Como você responde à essa afirmação de nossa entrevista com o FSC: “Muitas das plantações certificadas pelo FSC na verdade contribuem para a restauração de florestas naturais, tanto permitindo ou promovendo ativamente a regeneração de florestas naturais em áreas sensíveis tais como zonas ribeirinhas”?



Simon Counsell: Como muito do que o FSC reivindica em sua defesa, isso parece ser mais uma idéia desejável do que um fato empiricamente demonstrável. Eu nunca vi nenhuma boa evidência em sustentar tal reivindicação.



A ECONOMIA DO FSC



Mongabay.com: O que você diz sobre o argumento do FSC de que certificar a extração de madeira de velho crescimento e monoculturas são necesssárias para fazer as florestas valerem algo no mercado global, portanto salvando as florestas da destruição da extração ilegal?



Simon Counsell: O velho argumento ‘use-a ou perca-a’ sobre as florestas tem há muito favorecido a indústria de madeira. O problema é que quase nenhum em lugar parece ser verade. Pelo menos nos trópicos, muitas décadas de experiencia com a industria madeireira tem mostrado que o que realmente acontece é ‘use-a E perca-a’. A extração de madeira em escala industrial em floresta úmidas tropicais, porque elas são em sua maioria inerentemente ecologicamente não sustentáveis, é quase sempre sucedidas por desmatamento completo da terra. As únicas areas de floresta úmida tropical que tem sido capaz de resistir a longo prazo são as protegidas terras indigenas onde o valor da floresta tem sido reduzido efetivamente a nada, banindo muitas das formas de exploração.



Mongabay.com: Se não pelo FSC, como poderia o meracdo global lidar com a crescente demanda por produtos da madeira?



Simon Counsell: O fato é que o crescente consumo por produtos derivados da madeira não é consistente com a conservação de valores mais amplos das florestas, tais como a biodiversidade, usos culturais e serviços do ecosistema. O mercado provavelmente não pode lidar com o problema do consumo em excesso. O que é preciso é uma regulamentação governamental mai próxima de como as florestas são usadas. Se o suprimento de produtos derivados da madeira for restrito, os preços aumentarão, e a sociedade descubrirá um menor apetite pelo desperdício desse recurso valioso.



O FSC E A MUDANÇA CLIMÁTICA



Mongabay.com: Atualmente, o FSC não tem regras ou regulamento para certificação a respeito da mudança climática e a importancia das florestas tropicais em relação ao carbono. Deveria o FSC levar a mudança climátiac em consideração quando for certificar?



Simon Counsell: No momento, o FSC não pode com confiança garantir a ‘sustentabilidade’ nem de bens grandes, volumosos, reais tais como extração e madeira serrada. Ele tem um pobre recorde mesmo ao detectar ilegalidades brutas nas operações de extração. Isso não inspira muita confiança que seus certificados poderiam ser confiados com a tarefa tecnicamente mais dificil de avaliação dos fluxos de carbono da floresta, com as quais até mesmo cientistas qualificados ainda estão brigando.



FSC deveria concentrar na tentativa de colocar suas operações no núcleo das avaliações antes de se aventurar dentro da avaliação de carbono.



Mongabay.com: Você acredta que as companhias certificadas pelo FSC estão atualmente contribuindo para o aquecimento global?



Simon Counsell: A evidência sugere que a extração de madeira em florestas úmidas tropicais causa diretamente uma rede de liberação de carbono para a atmosfera. Isso não é verdade tanto para as companhias certificas e não certificadas. Onde as companhias de extração certificadas estão causando a dessecação a longo prazo de florestas e aumento de sua susceptibilidade aos incêndios, o impacto climático indireto dessas companhias poderia ser muito substancial.



Em alguns casos, onde o FSC pobremente certificou e mau gerenciou as plantações, há um grande risco de queimadas e liberação de CO2. Uma plantação certificada pelo FSC na Suazilandia levantou fumaça ano passado que sozinha teria liberado algumas centenas de milhares de toneladas de CO2 na atmosfera. Não estou certo se isso significa que o CO2 dessa plantação vaporisada é certificada pelo FSC!



O SISTEMA DE MONITORAÇÃO FSC



Mongabay.com: Em seu conhecimento, o FSC já certificou produtos de madeira que foram originados de extração ilegal?



Simon Counsell: Em muitas ocasiões. Detalhes sobre isso podem ser econtrados no FSC-watch.org.



Mongabay.com: Quão competente é o FSC em monitorar os produtos da companhia uma vez que eles foram certificados?



Simon Counsell: Parece ter havido muitas irregularidades no sistema de Corrente de Custódia do FSC. Por suas falhas, o processo do FSC de certificação da festão florestal é relativamente transparente, e os certificadores têm que produzir relatórios disponiveis publicamente sobre o que eles tem certificado. Mas para o certificado de produtos da Cadeia de Custódia uma vez que eles deixaram a floresta, os certificadores não tem que produzir relatórios, então é muito dificil saber se eles tem sido apropriadamente avaliados ou não. Similarmente, não é fácil checar se o FSC está controlando apropriadamente as Cadeias de Custódia, porque os relatórios do FSC não estão disponível também.


Essa figura de Temrex, Canada mostra operações massivas de destruição. É impossível ver de que forma isso poderia cumprir as exigências do FSC. Foto por David Nickarz

Eu escutei um crescente número de preocupações de dentro da indústria madeireira dobre uso fraudulento da logo do FSC em produtos de madeira. Uma área particularmente problemática é a China, onde oe FSC está brigando para prevenir a fraude. Mas o problema parece ter se espalhado. O resultado disso é que os compradores de madeira realmente não podem ter certeza se a madeira rotulada FSC que estão comprando é genuinamente de uma fonte ‘ambientalmente aceitável, socialmente benéfica e economicamente sustentável’.



Mongabay.com: Em sua experiencia, se uma companhia é descoberta por não cumprir com as exigências do FSC, o FSC se assegura de que a companhia cumpra as exigencias, e se não, retira deles a certificação?



Simon Counsell: Não. Os próprios relatórios do FSC mostram que eles estão conscientes de que os corpos de certificação, tal como SGS, estão emitindo certificados para companhias florestais que não cumprem as exigências do FSC — mas eles estão permitindo os certificadores continuar fazendo dessa forma. Na realidade, o FSC parece ter pouco poder para acabar com tais práticas. Os certificadores sabem exatamente que eles podem continuar impunes para ganhar suas taxas de certificação quando eles emitem os certificados do FSC para companhias que estão notoriamente rompendo as exigências do FSC.



HABILIDADE DE ONGS PARA TRABALHAR COM O FSC



Mongabay.com: Como uma organização, você já tentou atravessar as estapas traçadas pelo FSC para indicar as decisões de certificação que você sentiu estarem sendo desencaminhadas (como aquela indicada pela Senhora Haase em uma entrevista dela)?



Simon Counsell: No final dos anos 90, a Fundação Floresta Úmida trabalhou com ONGS da Indonesia para trazer uma reclamação para o FSC sobre um certificado que tem sido concedido para uma companhia de extração nas florestas úmidas da Sumatra. Nós tinhamos muita evidência, verificada por inspeção no solo e detalhada em relatórios e gravadas em video, de que haviam muitos problemas com a companhia, incluindo o corte ilegal da madeira, e conflitos com comunidades locais. A reclamação levou quatro anos para passar pelo processo do FSC — e apenas então resultou na concordância do FSC em fazer mais monitoração. A companhia permanece certificada.



Não há outra forma que a maioria das Ongs, especialmente nos países em desenvolvimento, poderiam sustentar tamanho longo e caro processo de reclamação. O processo é pesadamente empilhado a favor dos certificadores e seus clientes. O FSC nunca, em meu conhecimento, cancelou um certificado como um resultado de uma reclamação (através disso é dificil saber com certeza, porque o FSC mantem em segredo a maioria das informações sobre certificados cancelados). É suposto haver processos mais simples de reclamações, mas as regras ainda não se tornaram do conhecimento dos membros do FSC!



Mongabay.com: O FSC escuta algumas Ongs mais que outras a respeito das reclamações e preocupações?



Simon Counsell: Eu não tenho a impressão de que o FSC escuta qualquer Ong que seja. Algumas Ongs tais como WWF e Greenpeace provavelmente poderiam ter mais influência que eles tem na verdade no momento.



Mongabay.com: Em nossa entrevista com o FSC, eles afirmaram que eles tem um “sistema transparente e inclusivo estabelecido assim todos os interessados em melhorar o gerenciamento das florestas do mundo podem participar e contribuir.” Como um Ong você considera isso verdadeiro?



Simon Counsell: A evidência sugere o contrário. A parte mais ‘inclusiva’ do processo de tomadas de decisões do FSC deveria ser a Assembléia Geral tri-anual de seus membros. Mas as decisões tomadas pelos membros são rotineiramente ignoradas ou deferidas indefinidamente.



Por exemplo, em 2002, os membros concordaram que o FSC deveria começar a colocação em fase das emissões de certificados nos países onde não há nenhum padrão slvícula FSC que foi concordado por partes interessadas locais. Seis anos depois, e tais certificados são ainda emitidos, e agora constituem uma vasta maioridade do número total de certificados FSC. Isso é seriamente ‘não-inclusivo’ de ambos os membros do FSC e as partes interessadas locais.



O FSC BENEFICIA OS POVOS INDÍGENAS?



Mongabay.com: Como você vê a eficiência do FSC em proteger os direitos dos povos indigenas?


Homem da tribo Kayapo no Brasil. Foto por Simon Counsell

Simon Counsell: Há pouca evidência de que o FSC forneça qualquer benefício para os povos indígenas. Eu estou consciente de casos onde tem havido sérios abusos dos direitos dos povos indigenas nas áreas certificadas do FSC.



Mongabay.com: Você trabalhou com muitos grupos indígenas na América do Sul e Africa, qual é a visão geral do FSC entre tais grupos?



Simon Counsell: Como muitos ambientalistas, muitos grupos indígenas para ser razoavelmente otimistas sobre o FSC , sob certas circunstancias, forneceu pela primeira vez, uma chance de dialogo com gerentes florestais. Mas eu acho que tem havido desilusão crescente, como o FSC tem mostrado ele mesmo ser frequentemente muito fraco em proteger os direitos dos povos indígenas. Como os grupos ambientais, as organizações indígenas acharam sem dúvida dificil sustentar os altos níveis de tempo e esforço requerido para ‘permanecer no hoje’, especialmente quando o FSC tem constantemente mudado suas regras e políticas. Por essa razão, os interesses das industrias no FSC tem se tornado progressivamente mais dominante ao longo dos anos.



A CREDIBILIDADE DO FSC E SEU FUTURO



Mongabay.com: No website do RFUK afirma-se que “algumas das regras do FSC permitiram o abuso fácil do processo de certificação.” Que regras são essas? Como você gostaria de ver o FSC mudá-las?



Simon Counsell: Um dos maiores erros do FSC tem sido com a política de rotulagem de ‘Fontes Mistas’. Ela permite que até 90% de fibra de madeira em alguns produtos rotulados como FSC venham de florestas ou plantações que não estão na verdade certificados pelo FSC, mas são supostamente ‘fontes controladas’. A verdade é que essas fontes não são ‘controladas’ de forma alguma – e daqui muitos produtos do FSC são prováveis incluir material que vem de operações ilegais, ou cortes em florestas de Alto Valor de Conservação, ou áreas que são reivindicadas por povos indígenas.



A política de Fontes Mistas está permitindo a lavagem inaceitavel de madeira dentro do sistema FSC. A política precisa ser repensada completamente. Se isso não acontecer em breve, é provável que o FSC será desafiado sob a legislação de proteção do consumidor, por enganar os compradores.



Mongabay.com: As emissões atuais no FSC são incidentes isolados ou uma parte de problemas sistemáticos a longo prazo?



Simon Counsell: Existem agora tantos exemplos bem documentados de maus certificados do FSC que um tem que concluir que esses são devido à grandes falhas sistemáticas no sitema do FSC. Um dos mais importantes desses é que as companhias que querem ser certificadas diretamente contratam e pagam companhias de certificação para acessar e emitir os certificados. Isso significa que os certificadores tem um interesse econmico em emitir certificados mesmo que seus ‘clientes’ não os mereçam.



Porque os numerosos certificados FSC estão todos competindo uns com os outros por negócios, há, eu acredito, uma ‘corrida inferior’ de padrões de certificação acontecendo, com os certificadores todos tentando ser mais ‘generosos’ que seus competidores para captar mais negócios de certificação. O FSC realmente se tornou o ‘Enron da silviccultura’.



Mongabay.com: Há outros corpos certificadores que você acredita serem mais confiáveis que o FSC?



Simon Counsell: Não, por toda suas faltas, o FSC é ainda provavelmente o melhor — mas ser o ruim de um grupo de péssimos não é um elogio. E o ponto mais importante é que os compradores de madeira não podem confiar mais, no entanto é melhor que outros esquemas.



Mongabay.com: Como pode o FSC conquistar de volta a credibilidade com sua organização, Fundação Floresta Úmida Reino Unido?



Simon Counsell: O FSC precisa empreender um numero de grandes reformas para ganhar de volta não apenas a confiança da Fundação Floresta Úmida, mas também a confiança de um crescente número de outras Ongs.



Ele precisa romper o link economico direto entre os certificadores e os madeireiros que querem ser certificados. Precisa-se decretar sanções muito mais estritas contra certificadores que quebram as regras, suspendendo-os ou tirando-os completamente do sistema. Precisa-se fazer os certificadores competirem por contratos de certificação nas bases de avaliação com os mais altos padrões técnicos. Precisa-se imediatamente banir a emissão de certificados onde não há padrões florestais locais que foram acordados entre as partes interessadas locais. Precisa-se cancelar certificados que foram emitidos a companhias que não cumprem com os Princípios e Critérios do FSC de boa gestão florestal.



Mongabay.com: O que você sugeriria aos consumidores fazer em relação às recentes críticas ao FSC?



Simon Counsell: Usar menos produtos florestais sempre que possível. Escolher produtos reciclados ou re-utilizáveis. Comprar produtos que são de florestas locais, ou pelo menos do mesmo país. Comprar produtos que vêm de países onde os padrões silvícolas são maiores e reforçados em lei.



SOBRE A FUNDAÇÃO FLORESTA ÚMIDA REINO UNIDO



Mongabay.com: Além de monitorar as práticas do FSC, quais são os outros projetos empreendidos pela Fundação Floresta Úmida Reino Unido?



Simon Counsell: A Fundação Floresta Úmida empreende ao redor do mundo todo dúzias de projetos que indicam apoiar povos indígenas nas florestas e comunidades locais para ganhar controle de suas florestas e protegê-las. Desde que a Fundação foi estabelecida em 1989, nós ajudamos a proteger cerca de 100.000 kilometros quadrados de floresta úmida.



Mongabay.com: Você foi diretor da Fundação Floresta Úmida Reino Unido desde 1996. Como você tem visto a mudança da organização? Como as atitudes mudaram no publico a respeito das florestas úmidas e dos grupos indígenas que as habitam?



Simon Counsell: Eu penso que as atitudes estão vagarosamente mudando sobre o melhor caminho para proteger as florestas úmidas. O velho paradigma de ‘áreas estritamente protegidas e concesões de extração sustentável’ tem sido mostradas serem uma falha em muitos lugares. Os povos locais tem mostrado serem gestores florestais muito eficientes, se dada a chance e os incentivos corretos.



Esse debate é provável que cresça nos próximos anos porque os responsveis pelas decisões cada vez mais procuram por caminhos de custo-eficiência para proteger as florestas úmidas no intuito de abrandar a mudança climática. Isso não é para dizer que os povos indígenas deveriam ser romantizados ou ‘preservados’ em sua miséria — então um dos grandes desafios nos próximos anos vai ser como assegurar de que a ligação cultural dos povos indigenas’ com suas terras sejam retidas, enquanto desenvolvem novos meios de subsistência mais sustentáveis.




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