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Boicote à palmeira de óleo, uma aproximação não realista na conservação da biodiversidade

Boicote à palmeira de óleo, uma aproximação não realista na conservação da biodiversidade

Boicote à palmeira de óleo, uma aproximação não realista na conservação da biodiversidade
Rhett Butler, mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
14 de Maio, 2008





Boicotar a palmeira de óleo produzida no Sudeste da Asia é uma aproximação “fantasiosa” e “ineficiente” na conservação das florestas em rápido desaparecimento na região, disse um pesquisador da Universidade de Princeton em uma conferência sobre a sustentabilidade da palmeira de óleo. Ao invés, ONGs deveriam se focar em se engajar e trabalhar com a indústria da palmeira de óleo para reduzir seus impactos sobre o meio ambiente.

Endereçando a primeira Conferência Internacional de Sustentabilidade da Palmeira de Óleo em Kota Kinabalu, Malásia, o biólogo de Princeton Dr. David S. Wilcove disse que a industria de palmeira de óleo é muito importante para a economia da Indonésia e Malásia para justificar as interdições de importações gerais no óleo comestível usado em alimentos, cosméticos, produtos industriais, e biodiesel. A indústria de palmeita de óleo contrinui para a saúde, educação e infraestructura nas áreas rurais.

“No contexto de sua tremenda importância econômica, deve ser reconhecido que a noção de boicote da palmeira de óleo é pouco prática e não realista. Não é simplesmente uma aproximação que funcionará.”

Enquanto a economia vinda da palmeira de óleo é substancial, Wilcove disse que ela vem as custas da diversidade biológica. Ainda Wilcove estava esperançoso que a consciência cada vez maior sobre as questões ambientais entre os produtores de palmeira de óleo e parcerias inovadoras poderiam reduzir resultados ruins para a biodiversidade na região. Ele disse que pequenas medidas para aumentar a riqueza de espécies poderia ter benefícios para plantadores de palmeiras, embora tais medidas não seriam suficientes para prevenir a perda de muitas espécies.

Creiar plantações que são mais amigas da biodiversidade


Plantações de palmeira de óleo e floresta pesadamente extraída perto de Lahad Datu, Malásia. Foto by Rhett A. Butler

Em um estudo que observava a diversidade dos pássaros e borboletas em floresta primárias, florestas desmatadas, plantações de borracha, e plantações de palmeira de óleo, Wilcove e seu colega de Princeton Dr. Lian Pin Koh descobriu a conversão da floresta úmida virgem aos resultados da palmeira de óleo em declínios ingremes em riquezas de espécies.

“Descobrimos um declínio de 77 por cento nas espécies de pássaros na floresta em relação à conversão da floresta de velho crescimento para as plantações de palmeiras de óleo. Para as borboletas, o declínio foi de 83 por cento,” ele explicou. “Por comoparação, 30 anos após ter sido desmatada, a floresta secundária reteve aproximadamente 80 por cento das espécies originais da floresta.”

A conversão de colheitas existentes para as palmeiras de óleo teve um impacto bem menor, resultando em um declinio de 14 por cento nas espécies de pássaros remanescentes da floresta. Wilcove disse que os resultados oferecidos de maneira a reduzir a perda da biodiversidade da expansão futura das plantações.

“O foco do novo estabelecimento de palmeira de óleo deveria ser em terras degradadas e cultivadas como pastos e plantações de borracha,” ele disse. “Ambas florestas primária e secundária são importantes para a permanência da biodiversidade.”

Wilcove disse que as plantações de palmeira de óleo localizadas perto de porções naturais da floresta tiveram maiores números de pássaros e espécies de borboletas. E mais, as plantações que caracterizam a cobertura vegetal e as epífitas tiveram ainda mais biodiversidade. Em outras palavras, as plantações de palmeira de óleo que mais se assemelham á floresta tiveram maior riqueza de espécies. E mesmo enquanto tais medidas podem impulsionar a biodiversidade nas plantações de palmeiras de óleo, eslas não são suficientes para evitar as perdas.


Plantações de palmeiras de óleo perto de Lahad Datu, Malásia. Foto by Rhett A. Butler

À luz das descobertas, Wilcove argumentou que a parceria estratégica entre ambientalistas e uma empresa de palmeira de óleo poderia conduzir à esforços de proteção mais extensivos.

Wilcove disse que um grupo de conservação poderia estabelecer uma plantação de palmeira de óleo em uma plantação de borracha e entrar em acordo com uma companhia de palmeira de óleo para controlar a propriedade. A empresa seria paga para cobrir seus custos de operação, mas os lucros das vendas da palmeira de óleo iriam para a aquisição de porções da floresta por proteção. O esquema poderia ser potencialmente usado para desenvolver um mercado superior para a palmeira de óleo amiga da biodiversidade.

Pela estimativas dele e de Koh, uma plantação hipotética de 2.000-hectares (5.000-acre) poderia ser adquirida por $25M (usando os preços do ano passado). Após seis anos, os custos da plantação seriam recuperados. Para sua vida restante a propriedade geraria $83M de lucros. Esses procedimentos poderiam se usados para adquirir 14.5000 hectares de floresta.

Por comparação, usando os $25M para comprar porção de floresta diretamente conservaira apenas 4.000 hectares.

Wilcove disse que enquanto nenhuma organização de conservação tem adotado essa estratégia, há evidência de crescentes diálogos entre conservacionistas e a industria de palmeira de óleo, incluindo colaboração recente entre Cargill e a Conservação Internacional em Papua Nova Guiné e o apoio da WWF da Mesa Redonda da Sustentabilidade da Palmeira de Óleo (RSPO), uma iniciativa de sustentabilidade conduzida pela indústria.

“Eu considero esses desenvolvimentos como positivos,” ele disse. “Eu espero ver mais exemplos nos próximos anos.”

Dividendos da biodiversidade


Orangotango em Bornéo. Foto by Rhett A. Butler

Além do potencial de oferecer um produto que cause menos danos aos recursos naturais para futuras gerações, Wilcove disse que a indústria de palmeira de óleo pode se beneficiar de niveis mais altos de biodiversidade reduzindo a necessidade de controle de pragas. Wilcove citou um estudo de Koh que usou jaulas de exclusão para mostrar que pássaros tem um importante papel no controle de pragas das palmeiras de óleo.

“Pássaros, e talvez morcegos, fornecem esse importante serviço do ecossistema,” ele disse, advertindo que os resultados são preliminares e sua continuação é necessária. “Quanto mais são os pássaros, maior o benefício para as palmeiras… A diversidade realçada dos pássaros dentro de uma plantação poderia ser benéfica à produção de palmeira de óleo.”

Muitas plantações de palmeiras de óleo já sabem o valor da biodiversidade para essa função. Uma técnica conhecida como gestão integrada de pragas (IPM) conta com os insetos, cobras, e corujas para controlar os prejuízos das pragas das plantações, reduzindo a necessidade de pesticidas potencialmente tóxicos.

Para manter saudável a população de pássaros benéficos e predadores de pragas, “os cultivadores das palmeiras deveriam proteger ou restaurar porções de floresta natural incluindo zonas intermediárias ribeirinhas e habitats marginais dentro das plantações palmeiras de óleo e eles deveriam continuar com as medidas atuais do reforço à biodiversidade envolvendo as plantas benéficas, colheitaas de leguminosas, e samambaias das plantações,” Wilcove explicou, acrescentando que os corredores ao longo dos córregos iriam também ajudar a prevenir a erosão. “Fazendo tanto, não apenas diminuiria os custos da produção mas poderia reduzir os efeitos do prejuizo de pesticidas para os trabalhadores das plantações e para o meio ambiente, bem como satisfazer uma crescente preferencia do consumidor por produtos feitos a partir da palmeira produzido através das práticas favoráveis ao meio ambiente.”

“Produtores de palmeiras de óleo precisam da biodiversidade, e as pessoas precisan da palmeira de óleo. Portanto, os conflitos entre a expansão da plantação da palmeira e a conservação da biodiversidade não serão resolvidos por cada lado retratando o outro como vilão.” ele disse. “Ao invés, ambos os lados devem conversar um com o outro e procurar soluções inovadoras para essas questões.”


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