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Os parques agravam o desflorestamento através do ‘vazamento’?

Os parques agravam a perda da biodiversidade através do ‘vazamento’?

Os parques agravam o desflorestamento através do ‘vazamento’?
mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
17 de Março, 2008





A criação de reservas protegidas pode estar empurrando o desenvolvimento para as áreas vizinhas, confundindo os esforços totais da conservação em regiões onde as pressões do desenvolvimento são altas. Tal “vazamento” — como esse deslocamento é chamado — torna difícil o avaliação da eficácia de estratégias das áreas protegidas.

Revisando os resultados de um estudo que descobriu significante vazamento perto de concessões de floresta no Peru, Robert M. Ewers da Sociedade Zoológica de Londres e Ana S.L. Rodrigues da Universidade de Cambridge relatam preocupações sobre o vazamento para a conservação e métodos para determinar a eficiência das reservas naturais. A pesquisa está publicada em Tendências na Ecologia e Evolução.

Vazamento na Amazônia Peruana

O estudo peruano, publicado por P.J.C. Oliveira e colegas em 2007 no jornal Science, descobriram que a taxa de desfloretamento decresceu dentro de uma área de uso restrito recentemente estabelicido, mas aumentou fora das áreas que cercam as concessões da floresta, “indicando que os impactos humanos que vazaram de uma área de uso restrito para as vizinhanças, áreas irrestritas.”


Desmatamento da Floresta em Sarawak na Ilha de Bornéo. Cortesia da Google Earth.

Ewers e Rodrigues dizem que o estudo do Peru mostra que “vazamento pode exagerar a eficpacia percebida das reservas na redução de impactos humanos na biodiversidade.”

“O escapamento poderia levar à impressão de que as restrições de uso da terra estão reduzindo os impactos quando de fato eles poderiam ser simplesmente descolados através do espaço e/ou tempo. Consequentemente, o vazamento poderia acelerar a taxa nas quais as reservas se tornam em restos isolados de habitat encaixados numa paisagem altamento impactada,” escrevem os autores.

“O vazamento poderia afetar nossa percepção da eficiência das reservas individuais, ampliando as diferenças no impacto humano dentro e fora de seus limites. Por exemplo, uma comparação direta das taxas do desflorestamento dentro versus fora da concessão peruana da Floresta em 2005 mostraria uma grande e significante diferença, tanto porque as taxas de desforestamento tem diminuido dentro da concessão e porque eles tem aumentado fora da concessão.”

“Naturalmente, reduzir os impactos humanos dentro das reservas é provável ser uma boa coisa em seu próprio benefício, mas é tão importante para entender que isso poderia ser às custas da redução das opções de conservação nas áreas adjacentes,” eles continuam. “Um estudo recente da resposta dos mercados de terras para fundos de investimentos de conservação descobriu que comprando terras para conservação em uma dada região poderia deslocar o desenvolvimento para valiosas áreas biológicas na mesma região, ou mesmo acelerar o passo do desenvolvimento.”


Desmatamento da Floresta na Malásia

Ainda, independentemente do vazamento, áreas protegidas podem ter benefícios de conservação a longo prazo protegendo fragmentos de habitat natural em paisagens que irão de outra maneira ser convertidas completamente para o uso humano. Atrapalhar a eficácia é difícil, diz Ewers e Rodrigues.

“Avaliar o efeito positivo das reservas e separá-los dos efeitos negativos do vazamento requer uma comparação dos níveis de impacto humano — tanto dentro das reservas e nos arredores — com um nível de linha de base,” eles escrevem. “No entanto, estabelecer tais bases não é uma coisa direta.”

Ewers e Rodrigues propuseram o uso de uma combinação de detecção remotamente das informações do solo para estabelecer bases os impactos humanos previstos e observados dentro e fora das reservas. O método poderia ajudar a determinar “se a reserva teve o resultado desejado de reduzir impactos na paisagem como um todo, ou se aqueles impactos foram simplesmente espacialmente deslocados.”

Não obstante, a eficácia total da conservação será julgada pelo “se a biodiversidade através da paisagem inteira, integrada através de áreas de uso restrito e irrestrito, se beneficiam das criações das reservas,” escrevem os autores.


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