As emissões da China crescem 2-4 vez mais que o esperado
As emissões da China crescem 2-4 vez mais do que o esperado
mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
10 de Março, 2008
As emissões de dióxido de carbono da China estão crescendo bem mais rápido que as previsões de acordo com novas análises feitas pelos economistas da Universidade da California, Berkeley, e da Universidade California, San Diego.
O estudo, publicado no Jornal de Economias Ambientais e Gerenciamento, estima que a China verá uma taxa de crescimento de 11 por cento anual em emissões de CO2 entre 2004 e 2010, duas a quatro vezes os 2.5 a 5 por cento de taxa de crescimento estimada pelo Painel Intergovernamental de Mudança Climática.
Sob as suas previsões mais conservadoras, Maximillian Auffhammer (UC Berkeley) e Richard Carson (UC San Diego) previram que até 2010 a China verá um aumento de 600 milhões de toneladas métricas de emissões de carbono sobre seus 2000 níveis.
“Este crescimento da China sozinho iria dramaticamente fazer sombra aos 116 milhões de toneladas métricas de reduções nas emissões de carbono prometidas por todos os países desenvolvidos no Protocolo de Kyoto,” indicou um relatório da Universidade de San Diego. “Colocado de uma outra forma, o aumento anual projetado na China sozinha pelos próximos anos é maior que as atuais emissões produzidas tanto pela Grã Bretanha ou Alemanha.”
Emissões de dióxido de carbono de combustíveis fósseis para os Estados Unidos e China, 1985-2003. Informações da EIA. |
Os pesquisadores dize que o aumento irá desafiar os esforços para estabilizar as emissões de gases de efeito estufa.
“Tem sido esperado que a eficiencia da produção de energia da China continuaria a melhorar comforme a renda per capita aumentasse, diminuindo o crescimento das taxas de CO2. O que estamos encontrando ao invés é que a taxa de crescimento das emissões está ultrapassando nossas piores expectativas, e isso significa que a meta de estabilizar o CO2 atmosférico será muito mas muito mais difícil de alcançar,” disse Auffhammer.
Por que as estimativas do IPCC estavam até agora tão fora da marca
Considerando que outros estudos usaram informações de âmbito naciomal sobre o uso de energia na China datando de uma década atrás, Auffhammer e Carson usaram informações de emissões de 30 entidades provinciais da China.
“Todo mundo tem tratado a China como um único páis, mas cada uma das províncias do país é maior que muitos países europeus, tanto na geografia quanto em população,” disse Carson. “Além disso, há uma grande escala no desenvolvimento econômico e riqueza de uma província para outra, bem como grandes diferenças em crescimento populacional, que tem um efeito no consumo de energia que não pode ser facilmente identificadp nos modelos baseados nas informações agregadas nacionais.”
“Um deslocamento notável ocorreu na China por volta do ano 200, por volta da época em que a esperança de um acordo com os Estados Unidos no Protocolo de Kyoto começou a diminuir junto com a pressão externa para que a China reduzisse suas emissões,” disse Carson. “O usso de energia começou a crescer mais rápido que a renda, e muito da energia que era usado nao era eficiente.”
Os autores dizem que a descentralização acelerou o aumento das emissões “deslocando a responsabilidade da construção de novas centrais energéticas aos oficiais das províncias que tiveram menos incentivos e menos recursos para construir centrais mais claras e eficientes, que economizam dinheiro a longo prazo mas são mais caras para construir.”
“Os oficiais do governo ficaram longe do uso eficaz de energia como um objetivo para expandir a geração de energia o mais rapido que eles podiam, e o mais barato que eles podiam,” disse Carson. “Províncias costeiras mais ricas tenderam a construir centrais energéticas baseadas na melhor tecnologia disponível, mas muitas das provincias mais pobres do interior replicaram a tecnologia ineficiente dos anos 50 dos soviéticos.”
“O problema é que as centrais energéticas, uma vez construídas, devem durar 40 a 75 anos,” disse Carson. “Esses oficiais das províncias trancaram a si mesmos em uma longa trajetória de emissões que é muito maior do que as pessoas previram. Nossas previsões incorporam o fato de que muito da China está agora presa em centrais energéticas sujas e ineficientes.”