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A população de leões da Africa está declinando

A população de leões da Africa está declinando

A população de leões da Africa está declinando
Uma entrevista com a pesquisadora de leões Leela Hazzah
Rhett A Butler, mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
20 de Abril, 2008





o leão é o carnívoro mais conhecido da Africa. Uma vez abundante através do continente africano, recentes pesquisas mostram que as populações de leões reduziram de 100.000 indivíduos para cerca de 23.000 no século passado. A razão para esse declínio recente? Os leões são envenenados, alvejados, e lanceados pelos locais que os vêem como uma ameaça aos rebanhos de animais. Enquanto as populações de leões em áreas protegidas permanecem relativamente saudáveis, os conservacionistas dizem que sem medidas urgentes, os leões podem desaparecer completamente das áreas não protegidas.

O Projeto de Conservação Leão Kilimanjaro está trabalhando para evitar esse destino desenvolvendo medidas práticas para encorajar a coexistencia entre as pessoas, rebanhos e predadores. A chave so esforço está reduzindo perdas de rebanhos para os leões.



Diretora e Diretor Assistente de Guardiões do Leão (Leela Hazzah and Antony Kasanga) at a goat roast



Leela Hazzah e Baba Murua

Leela Hazzah, uma pesquisadora de campo com o projeto, diz que o programa “Guardiões dos Leões” no Rancho Mbirikani no Quênia provou ser notavelmente bem sucedido: nenhum leão foi morto desde seu início em Novembro de 2006. O programa emprega guerreiros Maasai, conhecidos como murrans, para monitorar os leões e ajudar as comunidades locais a prevenir ataques aos rebanhos.



“Os Guardiões de Leões ajudam suas comunidades informando pastores para evitar pastarem em áreas onde os leões estão presentes, melhorando os bomas dos rebanhos animais (cercas), ajudando pastores a encontrarem rebanhos perdidos nos arbustos antes que sejam mortos por predadores, educando suas comunidades sobre a conservação dos carnívoros, e, mais importante, trabalhando com outros murrans para previnir a matança dos leões,” explicou Hazzah.

“Nós estamos atualmente trabalhando para expandir o bem sucedido programa Guardiões dos Leões em um rancho vizinho do grupo, Olgulului, onde ocorreu mais de 65% de toda matança de leões no ecossistema Amboseli-Tsavo desde 2004.”



Em uma entrevista em Março de 2008 com mongabay.com, Hazzah falou sobre os esforços de conservação dos leões no Quênia.



Entrevista com Leela Hazzah

Mongabay: O que é o Projeto de Conservação de Leões de Kilimanjaro?



Leela Hazzah: O Projeto de Conservação de Leões de Kilimanjaro (KLCP) é parte de uma organização não governamental chamada ‘Vivendo com Leões’ (www.lionconservation.org) que tem dois projetos; um em Laikipia (norte do Quênia) chamado de Projeto Predador Laikipia e um, KLCP, no sul do Quênia em Maasailand. Meu trabalho é focado na Maasailand Queniana com o KLCP.



Mongabay: Como você se interessou pela vida selvagem e especificadamente na conservação dos leões?



Olubi rastreando leões. Foto por Seamus Maclennan

Leela Hazzah: Desde que eu era menino eu sempre tive o desjo de estar ao ar livre, em contato com a vida selvagem, no Zoológico Nacional em Washington D.C. ou observando camelos no deserto durante minhas férias de verão no Egito. Como uma jovem garota, eu ouvia as estórias de meu pai sobre toda a vida selvagem que rumou dos desertos para o Egito. Frustrou-me saber que a vida selvagem que ele conheceu quando jovem não mais existisse no Egito. Eu não poderia ir para os deserto e escutar os leões rugir como ele escutava ou ver lobos ao redor da casa da família no deserto. Isso me levou a perseguir um grau em Biologia e concentrar meus estudos na conservação da vida selvagem. Eu especificadamente escolhi a conservação do leão porque eles estão rapidamente declinando devido ao conflito com as pessoas, mas também porque eles são um símbolo da vida selvagem.



Mongabay: Qual sua formação acadêmica?



Leela Hazzah: Eu tenho Bacharelado em Biologia pela Universidade Denison em Ohio, uma pequena Universidade liberarl de artes. Ano passado eu completei meu Mestrado em Conservação em Biologia e Desenvolvimento Sustentável na Universidade de Wisconsin-Madison. Minha tese foi entitulada: Vivendo entre os Leões (Panthera leo): Atitudes da comunidade em direção às iniciativas de conservação e as motivações por trás da matança de leões em Maasailand no Quênia.



Atualmente, estou trabalhando em meu PhD na Universidade de Wisconsin-Madison continuando meu trabalho com conflitos Maasai-carnivore no sul do Quênia e dirigindo uma iniciativa de conservação da comunidade chamada, “Guardiões do Leão”.



Mongabay: Como é seu dia a dia? A maior parte do seu tempo é gast trabalhando com as pessoas locais ou leões?



Leão. Foto por Seamus



Sangale e Nemesi. Foto por Seamus

Leela Hazzah: Não há realmente um dia “normal” nos arbustos. O que se torna ‘normal’ para nós é correr para verificar no rebanho as carcaças que um leão matou durante a noite, tentando aliviar os proprietários zangados do rebanho de cometer uma retaçiação a um carnívoro que acabou de matar sua vaca favorita. Eu também passo muito tempo somente conversando com os murrans (guerreiros Maasai) já que são os principais responsáveis por lancear os leões. A maior parte do meu tempo é gasto dirigindo o programa Guardião do Leão (veja abaixo) com Antony Kasanga (diretor asistente); leva muito tempo, mas é um trabalho verdadeiramente prazerosos e gratificante. Antony e eu passamos muito do nosso tempo com os Guardiões ajudando-os a solucionar problemas que eles possam encontrar com as comunidades ou os leões. Nós os assitimos reforçando os (cercas de thornbush) para manter os carnívoros longe. Nós realizamos reuniões na comunidade para discutir o programa Guardiões do Leão e qualquer avanço ou mudanças no programa. Essas reuniões são importantes já que fornecem uma plataforma onde as comunidades podem oferecer sugestões para melhorar o programa.



Mongabay: Por que os leões estão ameaçados? A caça comercial da vida selvagem ou caça ilícita da vida selvagem por troféus um problema lá?



Leela Hazzah: Os leões estão declinando em toda sua extensão. O leste da Africa é um dos seus últimos baluarte, contendo aproximadamente metade da população remanescente de leões da África (a maioria está na Tanzania). Em Maasailand no Quênia, a população Maasai estão lançando e envenenando os leões num índice que assegurará a extinção local dentro de uma década. A matança de leões é enterrada dentro da percepção dos Maasai de depredação dos rebanhos pelos leões, fatores socio-economicos, e o relacionamento complexo entre os Maasai e a conservação. Isso tudo afeta a tolerância para com os leões e consequentemente o comportamento dos Maasai em direçaõ às iniciativas de conservação e os carnívoros em geral.



A caça pelos troféus foi banida no Quênia em 1978 então ela não contribui para o declínio da população de leões, apesar de que se acredita-se que ela possa ser benéfiac para as populações de carnívoros. A caça ilícita aos leões não impacta as populações de leões, embora minimamente. A razão mais significante para o declínio dos leões é a retaliação (Olkiyoi) e ritual-baseado (Olamayio) na matança de leões pelos Maasai. Também, envenenamento de retaliação em resposta A`depredação do rebanho tem um enorme efeito nas populações de carnívoros e pode aniquilar bandos inteiros de leões.



Mongabay: Qual é o melhor caminho para minimizar o impacto de leões no rebanho? Como você encoraja as pessoas locais para não usar armas contra predadores oportunistas? Eles são compensados pelas suas perdas?



Guardiões do Leão consertando um kraal do rebanho(boma). Foto por Seamus Maclennan

Leela Hazzah: A melhor maneira de minimizar as perdas do rebanho para os leões é encorajar a vigilância durante o pastoreio assim nenhum rebanho é perdido nos arbustos e também construindo fortes bomas (cercas) para guardar o rebanho protegido durante a noite ajuda a reduzir as taxas de depredaçãod e rebanhos. Em resposta aos altos níveis de matança nesse ecossistema, e na parceria com as comunidades do Grupo do Rancho Mbirikani (MGR) e Maasailand Preservation Trust (uma ONG), nós iniciamos um bem sucedido programa de conservação pela comunidade chamado Guardiões do Leão. O projeto inclui quatro componentes:

  1. Altamente participativo e capacidade de construção; permitindo os Maasai a ajudar na criação e na continuidade do projeto
  2. Culturalmente e socialmente aceitável entre os Maasai
  3. Assegura que as comunidades estejam recebendo benefícios da vida selvagem em suas terras
  4. Produzem resultados tangíveis, conservação confirmada através da ciência

Leela Hazzah e Lepencha. Foto por Jacob Mayiani



Leela Hazzah e Kapande (Guardião do Leão) rastreando leões. Foto por Antony Kasanga

Os Guardiões do Leão são os murrans empregados para monitorar leões, com ou sem coleiras (em conjunção com nosso pesquisador), e para ajudar suas respectivas comunidades em impedir ataques dos carnívoros nos rebanhos. Porque os Guardiões vêm de áreas onde eles trabalham e são murrans mais experientes (muitos já mataram leões), eles são bem respeitados em suas comunidades e podem dissuadir guerreiros zangados procurando vingança por sua vaca mort. Atualmente, nove Guardiões de Leão cobrem áreas de conflito entre humanos e leões no Rancho Mbirikani onde KLCP é baseado.



Os Guardiões do Leão tem duas grandes missões que beneficiam tantos os leões como as comunidades: 1) monitorar os movimentos dos leões por telemetria de radio e técnicas de rastreamento traditional; e 2) ajudar suas comunidades informando os pastores a evitarem áreas de pastoreio onde leões estão presentes, melhorando bomas de rebanho (cercas), ajudando os pastores a encontrar rebanhos perdidos nos arbustos antes que eles sejam mortos por predadores, educando suas comunidades sobre a conservação dos carnívoros, e, mais importante, trabalhando com outros murrans para impedir a matança de leões. Desde o início do Guardiões de Leão em Novembro de 2006, nenhum leão foi lanceado no Rancho Mbirikani, esta é a mais longa pausa desde o final dos anos 90; embora, nos ranchos vizinhos os leões continuam a serem abatidos. Nós atualmente trabalhamos para espandir os bem sucedido programa Guardiões do Leão em um rancho vizinhos, Olgulului, onde mais de 65% de toda matança de leões no ecossistema Amboseli-Tsavo desde 2004 tem acontecido (i.e., mais de 60 leões).



Para mais informações sobre o programa Guardiões do Leão, visite o blog dos murran-ran em lionguardians.wildlifedirect.org. O blog é uma plataforma interativa onde os Guardiões de Leão podem narrar suas estórias diárias, aventuras, conquistas, e notícias para leitores interessados e conservacionistas. Os Guardiões de Leões também ajuda com levantamento de fundos–recebemos uma quantia surpreendente de apoio de doadores de toda parte do mundo.



Mongabay: Porque vale a pena salvar os leões se eles apenas ameaçam a vida selvagem e os rebanhos? Você pode explicar porque deveríamos tomar esforços especiais para proteger predadores?



Retei (Guardião de Leão) pegando ponto GPS. Foto por Leela Hazzah

Leela Hazzah: Muitos Maasai diriam que leões não valem a pena serem salvos porque eles matam o rebanho e não trazem nenhum benefício de volta para as pessoas. No entanto, esta visão está aos poucos mudando enquanto os Maasai estão cada vez mais engajados nas atividades de conservação dos leões. Eles estão começando a perceber que os leões tem valor, tanto ecologicamente e culturamente. Os leões são predadores no ecossistema e tem um importante papel em manter o equilíbrio. Também, para os Maasai, os leões são símbolos de força e coragem. Tradicionalmente, os Maasai tinham um grande respeito pelos leões, mas devidoa muitos fatores incluindo um aumento nos conflitos entre rebanho e carnívoros, os leões não são valorizados e respeitados como já foram antes. No final, o declínio da vida dos carnívoros não podem cair somente sobre os ombros dos Maasai; eles deevm começar a ver alguns benefícios tangíveis (tanto economicos e nao economicos) em coexistir com a vida selvagem se a conservação for bem sucedida.



Mongabay: Você tem algum chamado notável trabalhando com grandes felinos?



Leela Hazzah: Com os grandes felinos nós trabalhamos sob a crença “Se você não perturbá-los, eles não te perturbam”. Tomamos decisoes inteligentes tais como não andar pelos arbustos sozinho a noite. Os animais que eu mais me preocupo são os Buffalos Africanos e os Elefantes. Se você não estiver prestando atenção e pisar neles você pode se colocar em uma péssima situação.



Hazzah examinando um leão morto. Foto por Seamus Maclennan



Lepencha colocando coleira numa leoa. Foto por Seamus Maclennan

Mongabay: Você tem algum conselho para estudantes que estejam interessados em seguir por esse campo de conservação da vida selvagem?



Leela Hazzah: Experiência é o nome do jogo. Se os estudantes estão interessados em uma carreira na conservação então eu sugeriria fortemente se voluntariar em algum projeto que seja do interesse do estudante. Eu não posso realçar o suficiente o quanto ganhar experiência em campo colocando as mãos na conservação de qualquer espécie selvagem irá melhorar suas chances imensamente em perseguir seus sonhos. Ache um lugar, espécie, ou pessoas que o interessem e vá atrás disso. Uma vez que você tenha alguma experiencia e uma boa idéia no que exatamente você quer se especializar então inscreva-se numaEscola de Graduação de Conservação da Biologia, Estudos Ambientais, ou qualquer programa relacionado com Ecologia da Vida Selvagem.



Mongabay: Como as pessoas em casa podem ajudar a proteger grandes felinos e outros animais carnívoros ameaçados?



Leela Hazzah: As pessoas podem ajudar se instruindo sobre as questões de conservação, tomando decisões corretas em seu dia a dia sobre o uso de recursos, também votando em políticos que tem orientação conservacionistas. Um caminho direto para ajudar a proteger grandes felinos e outros carnivoros ameaçados é doando para organizações de conservação que estão fazendo trabalho de frente envolvendo comunidades locais tais como a Living with Lions e o programa Lion Guardian.



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