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Metade da floresta amazónica estárá perdida dentro de 20 anos

Metade da floresta amazónica estárá perdida dentro de 20 anos

Metade da floresta amazónica estárá perdida dentro de 20 anos
Rhett Butler, mongabay.com
14/03/2008




Mais da metade da floresta amazônica estará danificada ou destruída dentro de 20 anos, se o desmatamento, os incêndios florestais, e as tendências climáticas continuam na velocidade atual, adverte um estudo publicado na revista Eventos Filosóficos da Sociedade Real B.

Revendo as tendências recentes em termos económicos, ecológicos
e processos climáticos na Amazônia, Daniel Nepstad e colegas fizeram
a previsão que 55 por cento da floresta amazônica será "desmatada,
explorada de madeira, prejudicada pela seca, ou queimada" nos próximos
20 anos. Os danos vão liberar 15-26 bilhões de toneladas de carbono
para a atmosfera, adicionando a um ciclo de retorno que vai piorar tanto o aquecimento
global como a degradação das florestas na região.



Embora as projeções são sombrias, os autores tem a esperança
de que novas tendências poderiam reduzir a probabilidade de uma catástrofe
à curto prazo. Estas incluem a crescente preocupação em
mercados de consumíveis sobre o desempenho ambiental de fazendeiros e
agricultores; um maior investimento em mecanismos de controle de fogo entre
proprietários de investimentos sensíveis à fogo, surgimento
de um mercado de carbono para compensações na base florestal;
e a criação de áreas protegidas em regiões onde
o desenvolvimento está expandindo rapidamente.



Tendências conduzem a Amazônia para "retirada e morte"
a curto prazo




Tendências macroeconómicas são cada vez mais o acionador
importante do desmatamento na Amazônia. Os autores citam vários
acontecimentos que fazem conversão da floresta amazônica para a
produção agrícola mais atrativa, incluindo a eradication
da febre aftosa, em grandes áreas da Amazônia, abrindo os mercados
estrangeiros para as exportações da carne brasileira; aumento
da demanda international
por consumíveis
agro-industriais, provocando escassez de terras em regiões de plantação
tradicional como Europa e Estados Unidos; surgimento de interesse em biocombustíveis,
alimentados pela alta recorde dos preços do petróleo e inovação
agricola
, que tem produzido culturas adequadas para o cultivo no clima da
Amazônia. Os autores observam que subsidios
amricanos para produção de etanol a partir de milho
e consumo
da China de carne contribuem indiretamente para o desmatamento da Amazônia
e advertem que embora pouco palma de óleo atualmente está cultivada
na região, a
maior parte da Amazônia é adequada para a planta
, que é
uma das culturas de rendimento mais elevado do mundo para rodução
de biodiesel.


Mapa de adequação do solo para agricultura mecanizada na Pan-Amazônia.

Ao mesmo tempo que a procura
global de consumíveis agrícolas
produzidos na Amazônia
está crescendo, a região é cada vez mais afetada pela seca
(relacionada com as alterações climáticas), pela fragmentação
(vinculada ao desenvolvimento) e dos incêndios
florestais
(consequência das alterações climáticas
e do desenvolvimento). Todos estes itens interagem uns com os outros para criar
efeitos de retorno incrementador.

"Retornos incrementadores das secas, incêndios florestais e atividades
económicas tem o potencial de degradar vastas áreas de floresta
amazônica durante os próximos anos", escrevem os autores.
"Atividades de uso da terra na Amazônia contribuem para susceptibilidade
a incêndios florestais, fornecendo fontes de ignição, fragmentando
a floresta e desbastando a floresta através da exploração
madeireira."


"Incêndios propositais para queimar florestas abatidas, em preparação
para as plantações ou pastagens ou para melhorar o volume da pastagem,
com freqüência escapam dos seus limites pretendidos para as florestas
vizinhas", eles continuam. "Incêndios de floresta podem consequentemente
aumentar a susceptibilidade à mais incêndios num retorno incrementador
matando árvores, abrindo o dossel e aumentar a penetração
solar para o chão da floresta".

Um aumento da
frequência de secas
como resultado de temperaturas
mais elevadas no Atlantico tropical
, também tem um efeito sobre a
vulnerabilidade
da Amazônia ao fogo
. Modelos climáticos sugerem que, com as
temperaturas continuando a subir, a incidência e gravidade das secas no
leste e sul da Amazônia também aumentarão. Estas regiões
são as áreas que estão recebem mais pressão do desenvolvimento.
Além disso, algumas pesquisas concluem que o desmatamento em si – através
da perda de transpiração – pode provocar uma diminuição
da precipitação.


Previsão para a Amazônia de 2030


Analisando as tendências de interação, os autores desenham
um cenário em que mais da metade da Amazônia poderia ser condenada
em 2030.

 


Um mapa da Amazônia 2030, mostrando florestas danificadas pela seca,
extração de madeira e desmatamentos supondo uma futura continuação
do desenvolvimento do clima dos últimos 10 anos.

"Os sistemas económicos, ecológicos e climáticos
da Amazônia podem estar interagindo para mover as florestas da região
num prazocurto a uma situação sem retorno", eles escrevem.
"Neste cenário, o crescimento da rentabilidade de desmatamento,
consequência da agricultura e pecuária, proporciona uma expansão
da fronteira da fragmentação florestal e de fontes de ignição,
que inibe chuvas como as florestas são substituídas por campos
e pastagens e como os incêndios preenchem a atmosfera no final da seca
com aerossóis."

"Florestas danificadas pela seca, a exploração madeireira,
a fragmentação e incêndios anteriores, queimam repetidamente
devido á substituíção gradual das espécies
arbóreas de copas altas por capoeira, gramíneas e outras plantas
de alta biomassa. Estes processos locais e regionais são agravadas quando
anomalias da superfície do mar e eventos meteorológicos extremos
causam períodos severos de secas e a queima de vastas paisagens florestais.
Aquecimento global reforça estas tendências pela elevação
das temperaturas do ar, aumentando a gravidade das épocas de seca e aumentando
a frequência dos eventos meteorológicos extremos."

Baseado nestas tendências, Nepstad e colegas tem a previsão que
31% da floresta amazônica serão desmatados e 24% serão prejudicados
pela seca ou extração madeireira até ao ano 2030. Eles
dizem que a redução de chuva em 10% danificará pela seca
um adicional de 4% das florestas. O impacto desse tipo de degradação
e desmatamento resultará em emissões de 15-26 Pg (petagramas=bilhões
de toneladas) de carbono em menos de três décadas ", sem contar
com a influência do aquecimento global." Preocupantemente, os autores
consideram esse cenário como conservador – perdas florestais e emissões
poderão ser muito pior.



Evitando a condição sem retorno da Amazônia


Apesar de tudo Nepstad e colegas tem a esperança de que tal condição
sem retorno pode ser evitado. Eles dizem que proprietários rurais na
Amazônia – especialmente aqueles com investimentos sensíveis ao
fogo, como pomares, operações intensivas de gado, e extração
de madeira bem gerenciada – estão cada vez mais conscientes dos danos
causados pela queima forçada e estão evitando o uso do fogo como
ferramenta de gestão do solo, reduzindo a incidência dos incêndios
florestais escapando para áreas vizinhas. Produtores de soja e carne
também estão respondendo a nova ênfase no desempenho ambiental
dos compradores consumíveis – plantadores de soja em Mato Grosso estão
aderindo a uma moratória sobre a desmatamento de florestas tropicais
para a produção de soja, enquanto pecuaristas
estão formando seu próprio sistema de certificação

dos padrões ambientais. O governo brasileiro recentemente entrou na briga
multando pesadamente
a produção ilegal de commodites na Amazônia
, enviando
tropas, executando multas e ameaçando os donos de terras com proibição
de acesso à créditos para compra ou comércio de soja, carne
e outros produtos de terras desmatadas ilegalmente.

Nepstad e colegas afirmam que a intensificação da pecuária
– aumentando o número de cabeças por hectare por um fator de 8
em algumas áreas – significa redução da necessidade de
desmatar florestas para pastagem. Finalmente os autores são otimistas
que áreas de proteção recentemente criadas podem servir
como uma antepara contra o desmatamento em regiões particularmente vulneráveis.
Dizem que compensação de carbono sob o mecanismo
de REDD
acordado em princípio
em Dezembro na conferência sobre clima da ONU em Bali, na Indonésia,
podem ajudar de
financiar esforços de conservação da floresta
bem como
trazer benefícios para populações rurais e grupos indígenas.





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