Etanol à base de milho piora condições na Zona Morta do Golfo do México
Etanol à base de milho piora condições na Zona Morta do Golfo do México
mongabay.com
Tradução Junia Faria
24/03/2008
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A proposta de legislação que pretende aumentar a produção de etanol nos Estados Unidos vai agravar a expansão da “zona morta” no Golfo do México e afetar a indústria da pesca, afirma pesquisa publicada no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
A zona morta, uma região onde a quantidade de oxigênio presente na água é insuficiente pra que vida marinha se desenvolva, é causada em parte pelos fertilizantes à base de nitrogênio usados na produção de milho. Com o rápido crescimento das plantações de milho nos EUA, resultado dos subsídios para a produção de etanol, mais fertilizantes vão parar no Golfo: é estimado que a cada ano 95 mil toneladas de nitratos são levadas até o Golfo, provocando a proliferação massiva de algas.
Com a recente proposta do Senado americano, que sugere a produção de 68 a 164 bilhões de litros de combustíveis de fontes renováveis até 2022, a quantidade de nitrogênio no Rio Mississipi aumentaria entre 10% e 19% caso etanol à base de milho seja o combustível a cumprir a meta, calculam Simon D. Donner da Universidade da Columbia Britânica em Vancouver e Christopher J. Kucharik do Centro para Sustentabilidade e Ambiente Global da Universidade de Wisconsin-Madison.
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Os autores dizem que é necessária uma redução de 55% no nível de nitrogênio no Rio Mississipi para diminuir o tamanho da zona morta.
“Essa corrida para aumentar a produção de milho é um desastre para o Golfo do México”, diz Donner, professor assistente no Departamento de Geografia. “As políticas de energia dos EUA irão tornar a solução para o problema da Zona Morta simplesmente impossível.”
O estudo vem para somar à crescente critica por parte dos ambientalistas, que dizem que o aumento da produção de milho piora a qualidade do ar e da água aumentando a poluição, contamina reservas de água, faz o preço de alimentos bater novos recordes e contribui para o desmatamento da Amazônia. Em fevereiro, dois estudos publicados na revista Science, mostraram que a produção de etanol à base de milho está agravando o aquecimento global, por causa da conversão de ecossistemas em plantações de milho.
“Usando um modelo internacional para estimar as emissões provenientes de mudanças no uso da terra, nós observamos que, o etanol à base de milho, ao invés de produzir 20% menos poluição, quase dobra a emissão de gases causadores do efeito estufa em 30 anos, e continua aumentando emissões por 167 anos,” escreveram os autores de um dos estudos publicados na revista Science.
Pesquisadores dizem que a produção de etanol à base de celulose, proveniente de plantas nativas e resíduos da agricultura, pode causar menos danos ao meio-ambiente.
“Etanol à base de celulose, seja ela de árvores ou outras fontes, é o caminho a seguir num futuro próximo,” disse o Dr. Gopi Podila, biólogo da Universidade do Alabama em Huntsville, que não está envolvido em nenhum dos estudos citados acima. “árvores são mais baratas que milho, tem uma produtividade competitiva e não precisam de tantos fertilizantes, que estão causando todos os problemas no Golfo. Essas árvores também oferecem aos Estados Unidos uma opção realista para a produção de energia renovável suficiente para causar uma redução significativa na importação de combustíveis fósseis.”
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