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Biocombustíveis estão piorando o aquecimento global

Biocombustíveis estão piorando o aquecimento global

Biocombustíveis estão piorando o aquecimento global
Rhett Butler, mongabay.com
Traduzido por Marcela V.M. Mendes
19/03/2008





Converter ecossistemas nativos para a produção de estoques de biocombustível está piorando as emissões de gases que causam o efeito estufa que elas prentender abrandar, relatam um par de estudos publicados no jornal Science. Os estudos seguem uma série de relatórios que ligaram a produção do etanol e do biodiesel ao aumento de emissão de dióxido de carbono, destruição da biodiversidade da floresta e habitats de savana, e a poluição do ar e da água.



Analisando o ciclo de vida das emissões dos biocombustíveis, o primeiro estudo descobriu que o carbono liberado pelas florestas úmidas convertidas, área de turfas, savanas, ou pastagens frequentemente excedem o estoque de carbono dos biocombustiveis. A conversão de áreas de turfa para plantações de palmas de óleo por exemplo, incorre uma “dívida de carbono” de 423 anos na Indonésia e Malásia, enquanto a emissão de carbono da floresta desmatada da Amazonia para a soja leva 319 anos de biodiesel de soja renovável antes que a terra possa começar a diminuir os niveis dos gases de efeito estufa e abrandar o aquecimento global.




Mapa modificado do Science

“Essa pesquisa examina a conversão de terra para biocombustiveis e pergunta ‘Vale a pena”‘,” disse o autor líder Joe Fargione, um cientista da Nature Conservancy. “A resposta é não.”



“Essas áreas naturais estocam muito carbono, então convertendo-as em plantações resulta em toneladas de carbono emitido na atmosfera.” Fargione continuou, “Nós analisamos todos os benefícios de usar os biocombustíveis como alternativas ao óleo, mas nós descobrimos que os benefícios são muito pequenos em relação a perda de carbono. Isso é o que podemos chamar de ‘dívida de carbono.’ Se você está tentando abrandar o aquecimento global, simplesmente não tem sentido converter terras para a produção de biocombustível. Todos os biocombustíveis que nós usamos causam a destruição do habitat, tanto diretamente ou indiretamente. A agricultura global já está produzindo comida para seis bilhões de pessoas. Produzindo comida baseada em biocombustível, também, irá requere ainda mais terra para ser convertida para a agricultura.”



U.S. etanol piora o aquecimento global



Enquanto um número de estudos tem mostrado que a conversão de ecossistemas tropicais, incluindo pântanos de turfas no sudeste da Asia e florestas úmidas e pastagens na América do Sul, para o restultado em emissões líquidas, o segundo estudo mostra que quando avaliado em um nivel global, o etanol do milho dos Estados Unidos é também a maior fonte de CO2 — não um dissipador do CO2 como geralmente dito pelos agroindustriários.



“Using a worldwide agricultural model to estimate emissions from land use change, we found that corn-based ethanol, instead of producing a 20% savings, nearly doubles greenhouse emissions over 30 years and increases greenhouse gasses for 167 years,” write the authors.



Sua avaliação é baseada na terra adicional que precisa ser convertida no exterior como resultado d aumento da área cultivada de milho plantado para a procução de etanol nos Estados Unidos.




Palmeiras de óleo morrendo na Costa Rica

“Para produzir biocombustiveis, os fazendeiros podem arar acima de mais floresta e pastagens, o que libera na atmosfera muito do carbono previamente estocado nas plantas e no solo através da decomposição ou fogo,” escrevem os autores. “A perda de floresta madura e pastagens também abandona o sequestro em curso de carbono e conforme as plantas crescem a cada ano, e esse abandono de sequestro é equivalente a emissões adicionais. Alternativamente, os fazendeiros podem can converter colheitas e plantações em biocombustiveis, o que causa emissões parecidas indiretamente. Esse desvio provoca o aumento dos preços da colheita, e os fazendeiros ao redor do mundo respondem desmatando mais florestas e pastos para repor as colheitas para alimentos. Os estudos confirmaram que os preços mais altos da soja aceleram o desmatamento na floresta úmida brasileira.”



Em particular, os autores — incluindo pesquisadores da Universidade de Princeton, Economias Agrícolas de Conservação, o Centro de Pesquisa Woods Hole, e a Universidade do estado de Iowa — dizem que a produção de etanol a partir do milho está tendo um efeito global. Como as exportações do milho dos Estados Unidos declinaram de forma aguda, a produção seleciona em outros países onde os rendimentos sao mais baixos, requerendo a conversão de mais terras para para produção, e levando os preços globais de grãos a subirem ainda mais.



Incentivos extraviados



Os pesquisadores dizem que o atual sistema tem extraviado os incentivos: fazendeiros são recompensados pela quantidade de biocombustivel produzido enquanto o resultado das emissoes de carbono são ignoradas.



“Nós não temos incentivos adequados porque os detentores de terras são recompensados por produzir palmeiras de óleo e outros produtos mas não são recompensados pela gerência do carbono,” disse o professor da Universidade de Minnesota de Economia Aplicada, Stephen Polasky, um co-autor do estudo. “Isso cria incentivos para excesso de desmatamento de terras e pode resultar em grande aumento nas emissoes de carbono. Criar alguma espécie de incentivo para o sequestro de carbono, ou penalidade para emissão de carbono, do uso da terra é vital se nós levarmos a serio esse problema.”




Influência dos preços da soja (CPI-ajustada) no desflorestamento na Amazônia brasileira. Todas as figuras em hectares (2.47 acres).

Os autores ainda dizem que alguns biocombustíveis não contribuem para a emissão de carbono na atmosfera porque eles não requerem desmatamento da vegetação nativa. Esses incluem combustíveis produzidos a partir do desperdício agricola, gramas, e biomassa de madeira crescidas em terras impóprias para colheitas convencionais.



“Biocombustiveis feitos a partir de plantações constantes crescidas na terra degradada que nao é mais útil para plantações de comida pode na verdade ajudar-no na luta contra o aquecimento global,” disse o pesquisador da Universidade de Minnesota, Jason Hill, um co-autor. “Um exemplo é o etanol feito a partir de diversas misturas de plantas nativas. Minnesota é bem equilibrado a esse respeito.”



Os pesquisadores recomendam que todo o meio ambiente danificado pela produçaõ do biocombustível seja avaliado ao tomar decisões a respeito de fontes de energia.



“Ao encontrar soluções para a mudança climática, temos de nos assegurar que a cura não seja pior que a doença,” observou Jimmie Powell, que lidera a equipe de energia na Nature Conservancy. “Nós não podemos ignorar as consequencias de converter terras para biocombustíveis. Fazer isso significa que poderiamos de forma nao intencional promover alternativas de combustíveis que sao piores que combustivel fóssil projetados para serem substituídos. Essas descobertas deveriam ser incorporadas nas políticas de emissões de carbono.”



“Nós precisaremos implantar muitas aproximações simultaneamente para resolver a questão da mudança climática. Não há bala de prata, mas há muitas BBs da prata,” disse Fargione. “Alguns biocombustíveis podem ser um BB de prata, mas apenas se produzido sem requerer terra adicional para ser convertida.”






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