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Rebroto de árvores oferece esperança nas antigas pastagens do cerrado brasileiro

Rebroto de árvores oferece esperança nas antigas pastagens do cerrado brasileiro

Rebroto de árvores oferece esperança nas antigas pastagens do
cerrado brasileiro
Rhett A. Butler, mongabay.com
5/2/2008




Paisagens desmatadas no cerrado brasileiro mostram sinais de recuperação,
mesmo após longos períodos de utilização intensiva,
relata um estudo publicado na revista Biotropica.



Analisando o restabelecimento natural das árvores nativas nas antigas pastagens
localizadas nos bosques secos do cerrado brasileiro, Alexandre B. Sampaio (Universidade
de Brasília), Karen D. Holl (University of California, Santa Cruz), e Aldicir
Scariot (United Nations Development Programme) constataram que, embora a riqueza
fosse inferior em pastagens mais antigas, a densidade e composição
de árvores de regeneração não se alteraram com a idade
das pastagens.



“A porcentagem de espécies regenerando nestes ecossistemas após
distúrbios varia entre 12 e 92 por cento da flora original dependendo do
tipo de vegetação, uso de solo, severidade dos distúrbios,
e das fases sucessivas," observam os autores. "Nosso estudo sugere que
a densidade e a riqueza de árvores florestais em regeneração
natural com perda temporária de folhagem estudada em pastos da região,
não diminuem com idade até 11-16 anos."Mesmo muito velhos (40
anos) os pastos ainda tem uma alta densidade e uma grande riqueza de espécies
de caules de árvores rebrotando.”



Regeneração natural de árvores rebrotando (todas as
pequenas plantas sobre a terra nua), em um antigo pasto de um mês
após arando o solo Foto por Alexandre Sampaio.

Os sistemas radiculares bem desenvolvidos de muitas espécies florestais
com perda temporária de folhagem, significa que as árvores são
capazes de rebrotar mais de dez anos após o corte.



"Um sistema radicular bem desenvolvido também pode fornecer uma forte
capacidade de rebrotar em resposta a outras perturbações antropogênicas
e naturais, como incêndios, herbivoria, e a formação de lacunas
", eles escrevem. "Assim, as espécies arbóreas persistindo
por rebrotar, aumentam a resiliência do sistema se as pastagens estão
abandonadas."



Implicações para recuperação florestal



Os pesquisadores dizem que os resultados têm implicações para
a recuperação florestal em partes do Brasil que foram desmatadas
para pecuária bovina.



“Os resultados deste estudo têm implicações importantes para
a nossa compreensão da floresta tropical na sucessão em terras altamente
perturbadas, que compreende mais de 80 por cento da região do estudo",
eles escrevem. "Nossos resultados indicam um caso extremo do modelo das condições
iniciais florísticas onde a grande maioria das espécies estão
presentes no início de sucessão, devido à rebrotar, e parecem
permanecer por um longo período de tempo após o abandono das terras
perturbadas.”



Biocombustíveis
conduzindo destruição do cerrado brasileiro

Dr. Holl acrescenta que os resultados sugerem surpreendente resiliência
para o Cerrado.


“Cientistas tropicais há muito tempo sabiam que árvores de florestas
secas têm uma enorme capacidade de rebrotar, mas normalmente estudos focalizaram
sobre a capacidade de rebrotar logo após o distúrbio", ela
disse à mongabay.com "A capacidade de rebrotar após 40 anos
de pastagem não tem precedentes na literatura e sugere um elevado grau
de resistência nesses sistemas."

Em um segundo documento, publicado em Restoration Ecology, os autores estão
acrescentando sobre essas conclusões e oferecem informações
sobre projetos potenciais de restauração do hábitat na região.


“Nós comparamos os efeitos de cinco técnicas de restauração,
tais como arando o solo, eliminando pasto, acrescentando resíduos da floresta,
semeando e plantando mudas de viveiro, sobre a revitalização das
árvores florestais com perda temporária de folhagem em quatro pastagens
abandonadas no Brasil central", eles escrevem. "Nossos resultados sugerem
que a rápida sucessão de floresta com perda temporária de
folhagem em pastagens na região estudada não precisa ser estimulada
quando a perturbação é interrompida e que esforços
intensivos de restauração podem, de fato, atrasar a recuperação.
Recomendamos apenas enriquecimento por plantio de mudas que não são
capazes de rebrotar.”


“Esta investigação mostra claramente a importância de se entender
como um ecossistema regenera naturalmente antes de selecionar uma estratégia
de restauração”, Dr. Holl explicou. "Dado que muitas
espécies regeneram naturalmente nos cerrados, plantação mecânica
pode, de fato, prejudicar mais o sistema, em contraste à plantação
seletiva manual ou semeadura de espécies que não se regeneram naturalmente
que podem contribuir para acelerar a recuperação."



CITAÇÕES: Alexandre B. Sampaio, Karen D. Holl, e Aldicir Scariot
(2007). Regeneração de Floresta com espécies de árvores
de perda temporária de folhagem em Pastos de uso longo no Brasil Central
BIOTROPICA 39(5): 655-659 2007.


Alexandre B. Sampaio, Karen D. Holl, e Aldicir Scariot (2007). A restauração
de Floresta com espécies de árvores de perda temporária de
folhagem em Pastos de uso longo no Brasil Central favorece a regeneração?
Restoration Ecology Vol. 15, No. 3, pp. 462-471 SEPTEMBER 2007



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