Notícias ambientais

Os povos indígenas são essenciais para os esforços da conservação da floresta

Os povos indígenas são essenciais para os esforços da conservação
da floresta

Uma entrevista com o etno-botânico Dr. Mark Plotkin:
Os povos indígenas são essenciais para os esforços da conservação
da floresta
diz o renomado etno-botânico
Rhett A. Butler, mongabay.com
18/2/2008

Biodiversidade integrada e conservação cultural podem ser
mais eficazes do que áreas protegidas tradicionalmente, referente ao
fornecimento de benefícios para saúde das populações
locais.

Dr. Mark J. Plotkin. Foto cortesia do Time de Conservação
da Amazônia

Florestas tropicais são hábitat de centenas de milhares de espécies
de plantas, muitas das quais são promissoras referente aos seus compostos
que possam ser utilizados para afastar parasitas e combater doenças humanas.
Ninguém entende melhor os segredos dessas plantas do que os xamãs
indígenas – homens e mulheres pagés – que têm desenvolvido
imenso conhecimento desta biblioteca da flora para curar tudo, de podridão
do pé até diabetes. Mas, como as próprias florestas , o
conhecimento destes mágicos da botânica está rapidamente
desaparecendo devido ao desmatamento e a transformação cultural
profunda entre as gerações mais jovens. A perda combinada desse
conhecimento e dessas florestas insubstituivelmente empobrece o mundo da diversidade
cultural e biológica.

Dr. Mark Plotkin, presidente da organização do Time de
Conservação da Amazônia (www.amazonteam.org)
sem fins lucrativos, está trabalhando para acabar com este destino, através
de parcerias com as populações indígenas para a conservação
da biodiversidade, da saúde, da cultura nas florestas tropicais da América
do Sul. Plotkin, um renomado etno-botânico e autor bem sucedido (Contos
de um Aprendiz do Pagé, Busca da Medicina
), que foi nomeado
pela revista Time um dos "Heróis para o Planeta" do meio ambiente,
passou parte dos últimos 25 anos vivendo e trabalhando com pagés
na América Latina.

Através de suas experiências, Plotkin concluiu que a conservação
e o bem-estar dos povos indígenas estão intrinsecamente interligados
– nas florestas habitadas por populações indígenas, não
se pode ter uma coisa sem a outra. Plotkin acredita que as iniciativas atuais
de conservação seriam melhor servidas tendo uma maior integração
entre as populações indígenas e outros esforços
de preservação florestal.

Plotkin diz que o Time de Conservação da Amazônia, trabalhando
em parceria verdadeira com as populações indígenas e ambientalistas
principais ocidentais, tem ajudado a pioneirar aquilo que chama "conservação
biocultural", uma bem-sucedida e rentável abordagem para proteger
a biodiversidade, reforçando tradicionais sistemas de saúde, e
ajudando a preservar a cultura numa maneira holística e sinérgica.


Plotkin com Amasina, um pagé da tribo Trio em Suriname. Foto cortesia
do Time de Conservação da Amazônia.

"É nossa firme convicção que as pessoas que melhor
conhecem, utilizam e protegem a biodiversidade são os povos indígenas
que vivem nestas florestas", disse Plotkin. "Nossos projetos são
concebidos para tratar de algumas das maiores ameaças enfrentadas pelos
grupos indígenas: a perda da sabedoria indígena biológica,
a falta de assistência de saúde, a falta de oportunidades econômicas,
a falta de direitos territoriais que protegeria a floresta da exploração,
bem como a falta de representação legal. Como diz a nossa declaração
executiva, o Time de Conservação da Amazônia, "TCA"
ajuda os guardiães da floresta a manter a floresta! "

Em uma entrevista com mongabay.com em outubro de 2006, Plotkin explicou sobre
estes pontos, oferecendo uma visão sobre as dificuldades que os grupos
indígenas enfrentam em partes da Amazônia e seu pensamento sobre
os esforços de conservação na região.

Artigo a respeito: Nativos da Amazônia usando
Google Earth, GPS para proteger o seu hábitat floresta.

Rhett A. Butler (Mongabay): Na sua opinião, quais
são as maiores ameaças aos povos indígenas?



Dr. Mark Plotkin (Plotkin): Há duas grandes ameaças para
os povos indígenas da floresta tropical. A primeira é a aculturação
– a chamada para a cultura ocidental, para a cidade, e coisas dessa natureza.
Por exemplo, alguém pode ser índio Mundurucu em termos genéticos,
mas eles não falam o idioma, não conhecem as lendas, ou conhecem
as plantas. Abreviando, eles provavelmente não perpetuarão a cultura.

Em segundo lugar, é a destruição do meio ambiente. Como
você pode ter um índio da floresta tropical se não tem floresta
tropical na qual eles possam viver? Portanto, esta ideia de "temos que
preservar a cultura" ou "temos que preservar a floresta", é
perder o comboio. O melhor caminho para preservar a floresta tropical, é
preservar a diversidade cultural. A melhor maneira de proteger florestas tropicais
ancestrais é ajudar os índios a firmar-se na sua cultura, e a
melhor maneira de ajudá-los a se firmar na sua cultura é ajudá-los
a proteger as florestas tropicais.

Mongabay: Quais são as opções deles para combater
o desmatamento? São meios legais a melhor estratégia?



Photo courtesy of the Amazon Conservation Team.

Plotkin: Depende de onde você está e com quem você
está trabalhando. Se você estiver no sul do Suriname, onde eu fiz
uma boa parte da minha investigação, os índios não
têm título legal de suas terras. Sem direitos para as suas terras,
do que se refere ao governo num ponto de vista jurídico, eles são
posseiros. Portanto, o que está muito envolvido é a elaborar reivindicações
de terra, no que se espera benefícios mútuos.

A estratégia básica é mapear, gerenciar, proteger. No
Suriname, tivemos que começar com mapeamento, para que os índios
estivessem num posição de "colocar sua reivindicação."

No Brasil, onde as populações indígenas têm título
de terra no sentido de que uma reserva existia no papel, o mapeamento se concentrou
estabelecendo asdivisas, tanto quanto qualquer outra coisa. Em seguida, nós
mudamos para planos de gestão de desenvolvimento, em ambos os países,
em parceria com os índios e o governo, com base nas informações
recolhidas durante o processo de mapeamento.

Mongabay: Do assassinato de Dorothy Stang até a violência
entre garimpeiros e os Yanomami, as relações entre os grupos indígenas
e os colonos são muitas vezes retratadas como tensas. O senhor achou
que esse é o caso? Qual é a gravidade do conflito entre estes
grupos?

Plotkin: Como o mundo fica cada vez menor e tem uma procura crescente
de matérias-primas (especialmente com o rápido crescimento das
economias da China e da Índia, entre outros) a pressão sobre todos
os recursos no mundo inteiro aumenta. O tempo para os índios e seus colegas
para se preparar para essas demandas é agora (senão ontem!) se
for para lidar com o mundo exterior em seus próprios termos. O importante
é não manter os índios fora do mundo exterior – o importante
é prepará-los melhor para lidar com estas forças em seus
próprios termos e para fazer escolhas informadas.



Creio que seja importante cuidar dos assuntos antes que eles surjam – assim
que um problema se apresenta, muitas vezes é mais dificil resolvê-lo.
Por exemplo, é melhor marcar a divisa antes e definir os postos de guardas
antes de ter os ladrões de madeira e os garimpos em uma área de
indios.

Mongabay: Como podemos evitar a perda de conhecimento cultural
entre as gerações, com os jovens deixando a floresta ou adotando
práticas ocidentais? É justo tentar preservar a cultura se a próxima
geração de crianças indígenas quer se mudar para
as cidades, trabalhar numa plataforma de petróleo, ou tornar-se madeireiros?
Os jovens de vez em quando se enganam em acreditar que estes estilos de vida
são mais fascinantes do que sãoo realmente?


Yaloeefuh, um curandeiro no Suriname. Mark trabalha com Yaloeefuh desde
1982. Fotografia cortesia do Time de Conservação da Amazônia.


Wuta da tribo Trio. Fotografia cortesia do Time de Conservação
da Amazônia.

Plotkin: Um dos meus grandes heróis – Wuta da tribo Trio no nordeste
da Amazônia – pegou suas coisas e deixou a floresta para ir para a cidade
mais ou menos há uma década. Ele acabou encontrando emprego como
guarda noturno num laticínio. Você pode imaginar quanto um guarda
noturno ganha em um país do terceiro mundo! Ele começou a perder
peso, pois ele não poderia pegar o seu arco e flecha para caçar.
Seus filhos pegaram malária porque estavam vivendo numa favela.

Ele acabou voltando para a floresta com sua família e agora é
nosso melhor cartógrafo no nordeste da Amazônia. Ele tem sido pessoalmente
responsável pela cartografia de 20 milhões de hectares de floresta
e da formação de quatro membros de outras tribos a fazer o mesmo.
Creio que ele é o tipo de cara que todas estes entidades de conservação
tropical deveriam dar prêmios em vez de dar sempre para os mesmos caras
brancos.velhos!

Mas o importante de tudo isso é que ele fez a sua própria escolha,
ele se mudou para a cidade, e uma vez que ele estava lá, ele disse que
"esta não é uma proposta atrativa aqui". Creio que o
nosso trabalho como ambientalistas, em muitos desses casos é o de ajudar
as pessoas a fazer escolhas informadas. Eu levei caciques no avião lá
em cima, voei com eles acima de áreas desmatadas, e disse "sim,
rapazes vão obter empregos se os madeireiros entrarem, mas o que vão
comer quando não tem mais a floresta?" Nós remamos através
de rios onde ouro tinha sido minado e disse: "Pois bem, esses rapazes tem
feito algum dinheiro, mas agora eles não podem beber a água ou
o dinheiro, então o que vão fazer? Mas é sua escolha."

As pessoas gostam de falar de como os povos indígenas são diferentes
de nós ocidentais, mas as pessoas são realmente muitas vezes a
mesma coisa no final do dia. O que é que eles querem? Eles querem uma
vida boa. Eles querem uma vida decente para os seus filhos. Querem ar puro e
água. E se você lhes disser OK você pode ter mais dinheiro
no bolso, mas todas as outras coisas vão desaparecer – água potável,
os seus medicamentos, os seus alimentos, os seu lugares sagrados -aí
torna-se uma escolha bem óbvia.

Sure, as long as they think they white man has it all and it’s a simple as
moving to the city where they get iPods, two cars, and air conditioning, western
life can seem so seductive that they think "oh, let me become a white man
or woman because that’s where the action is."

Claro, enquantoeles pensarem que o homem branco está com tudo e é
tão simples quanto mudar-se para a cidade onde eles conseguem iPods,
dois carros, e ar condicionado, a vida ocidental pode parecer tão sedutora
que eles acreditam "oh, deixe-me tornar um homem ou mulher branca, porque
é aí que tudo acontece." Mas estamos ajudando-os a compreender
a realidade, e ao mesmo tempo elogiando alguns aspectos positivos da cultura
ocidental. Por exemplo, temos o filho do cacique olhando para o Google Earth
para determinar onde os garimpos de ouro estão perto de suas divisas.

Essa é a perfeita combinação de tecnologia ocidental e
costumes e conhecimentos indígenas. Nós temos as caras pintadas
de vermelho e nada mais, andando pela selva com aparelhos GPS, e isso é
o casamento ideal da sabedoria de pagé e tecnologia
ocidental do século 21
. Esse é o local doce, o melhor
de ambos os mundos. Não se trata de saber se a civilização
ocidental é superior ou a cultura indígena. Qualquer cultura no
mundo moderno tem algo a oferecer que eles fazem muito bem.

Mongabay: O que o Time de Conservação da Amazônia
está fazendo para ajudar a preservar os conhecimentos tradicionais?

Plotkin: A perda dos conhecimentos e da cultura indígenaé
uma forma de empobrecimento. Estamos trabalhando em parceria com os índios
e os governos locais para evitar este tipo de degradação cultural
através do programa Pagés e Aprendizes e onde nós juntamos
jovens com os anciãos para que os conhecimentos tradicionais sejam passados
para a próxima geração. Não só temos pais
e mães trabalhando com filhos e filhas, mas também os avós
trabalhando com os netos.


Yaloeefuh, um pagé dos Trios em Suriname. Foto cortesia do Time da
Conservação da Amazônia.

Clínicas de medicina tradicional, em pleno funcionamento e dirigidas por
pagés anciãos da tribo, estão estabelecidas nas aldeias perto
de centros de saúde ocidentais. As clínicas servem como um lugar
onde os aprendizes podem observar diretamente os pagés praticando sua medicina.
Aprendizes também acompanham os pagés nas suas viagens de coleção
de plantas . O sistema tem se mostrado muito eficaz na melhoria do sistema de
saúde mantendo-se os conhecimentos das plantas medicinais dentro da tribo.

Mongabay: O que nós podemos aprender dos indios?



Plotkin: Parece que as pessoas ficam bastante ligadas na medicina, porque
é tão sensual e interessante – eu fui seduzido por ela há
muito tempo! — mas tem muito mais do que isso. Tem a agricultura indígena.
Eles usam todos os tipos de variedades de plantas que são secas e resistentes
contra pragas. Com certeza existe conhecimento indígena sobre a forma de
gerir a floresta e os animais que vivem nela. Existem algumas filosofias, músicas
e culturas, e não apenas uma lista de plantas medicinais. Eu não
quero viver num mundo que é dominado exclusivamente por Madonna e a NBA
(National Basketball Association). Gosto da minha cultura, mas acho que há
coisas em outras culturas que são igualmente interessantes. Isto explica,
por exemplo, porque existem restaurantes tailandeses acima do Círculo Ártico
e ávido interesse na arte indígena de lugares muito distantes.

Mongabay: Conservação em geral é uma
função de dinheiro. Será que existe uma maneira de fazer
as preocupações de conservação e desenvolvimento
sustentável viáveis por elas mesmas ou elas precisam sempre de
subsídios externos? Coisas como eco-turismo e coleção de
produtos florestais são soluções?

Plotkin: Mais uma vez, você tem que considerar as condições
locais. Eu acredito que o ecoturismo seja extremamente importante e incrivelmente
difícil com os povos indígenas. Então, com certeza não
colocaria este assunto no topo da lista.


Plotkin com Amasina, um pagé da tribo Trio em Suriname. Foto cortesia
do time de conservação da Amazônia.

Por que não temos esses rapazes trabalhando como guardas de fronteira
para o governo? O governo muitas vezes não marca presença em áreas
fronteiriças de mato – quem pode servir melhor como olho e ouvido para
cuidar dos contrabandistas colombianos de drogas, combatentes armados de al-Qaeda,
e garimpeiros de ouro brasileiros? Enquanto tem muita atenção
incidindo sobre plantas medicinais, existem outros produtos florestais valiosos
que podem ser vendidos para o mundo afora. Por exemplo, apouco tempo encontrei
pimenta seca em pó, que veio dos índios da Amazônia, sendo
vendido em feiras colombianas. Resultado: é mais fácil de cortar,
secar, e mandar o pó de pimenta do que volumosas nozes do Brasil .

Embora não seja tão emocionante como remédios naturais,
o artesanato tradicional é especialmente popular entre turistas. O artesanato
pode ser trabalhado nas aldeias e enviado aos mercados e lojas da cidade . Existem
muitas opções. Começe perguntando o que as pessoas têm,
o que eles querem vender, o que eles não querem vender, e se eles estão
interessados na sua comercialização. A ideia, mais uma vez, é
permitir que essas pessoas façam escolhas informadas. É afinal
a escolha deles, não nossa, e acredito firmemente no ensino do espírito
empresarial e da auto-confiança.

A idéia é dizer que poderíamos fazer isso e fazer algum
dinheiro. Estamos lá como catalisadores e conselheiros, não para
lhes dizer o que devem fazer, porque isso realmente não funciona. Novamente,
pode ser que pareça gentil para o Pollyannaish, mas acredito que seja
a melhor maneira de fazê-lo. Prepará-los para lidar com o mundo
externo em seus próprios termos e depois ver o que acontece. Num mundo
ideal eles recebem empregos como guardas de parque e assim tem uma fonte constante
de rendimento e os seus rendimentos baseiam-se em proteger o ambiente, em vez
de destruí-lo.



Ao contrário da minha primeira visita mais ou menos há 25 anos,
esses rapazes têm uma necessidade real de rendimentos, não uma
renda para uma hipoteca ou um carro, mas renda para anzóis para os peixes,
lanternas, pilhas e coisas assim. Então, o que nós podemos fazer
é encontrar algumas formas de geração de renda, mais uma
vez, com base na proteção da floresta, protegendo a cultura de
uma forma que não interrompa a cultura ou a floresta tropical. Isso não
é ciência de foguetes, é bem simples e claro.

Mongabay: Qual é a melhor maneira de salvar florestas tropicais?




Plotkin: Penso que a maneira individual mais eficaz de proteger o tipo
de floresta que os povos indígenas habitam é envolvê-los no
processo de conservação. Eles têm investido muito na preservação
do ecossistema da floresta. Isso é onde eles obtém sua água,
seus medicamentos, fazem seus arcos e flechas. Guardas de parque muitas vezes
não são dessa área, na verdade elas são de algum lugar
distante e às vezes nem sequer vivem no parque.


Simon, a Sikiyana apprentice in Suriname. Photo courtesy of the Amazon Conservation Team.

Aqui tem um exemplo concreto. A Reserva de Tumucumaque na divisa com Suriname
é habitada por 4000 índios, que tem um garimpo de ouro. O Parque
Nacional de Tumucumaque é aproximadamente do mesmo tamanho, talvez um
pouco menor, situado na fronteira com a Guiana Francesa, e é oficialmente
habitado por ninguém e tem entre 10 e 25 garimpos de ouro, dependendo
em quem você acredita.

O fato é onde você tem pessoas com flechas de pontas envenenadas
é muito menos atraente a proposta de se destruir esse território
e seu vizinho. Eu quero deixar bem claro que eu não estou argumentando
contra as áreas protegidas – o que seria ridículo. Tudo o que
eu estou dizendo é que – número um- temos que dar mais atenção
e devemos ter mais fundos para as áreas indígenas. E o número
dois, precisamos fazer que os índios protejam os parques nacionais ao
lado de seus territórios, porque é do seu interesse fazê-lo.
Olhe para o Brasil onde 5 por cento da floresta Amazônica está
protegida em parques nacionais, enquanto 25 por cento são reservadas
como terras indígenas. Se pudermos ajudar aos índios a cuidar
de suas terras, bem como vigiar reservas de natureza vizinhas, teremos uma alavancagem
tremenda de conservação.

É preciso lembrar que a conservação não deveria
ser referente ao que a floresta tem para nós. Não devemos apenas
salvar a floresta porque poderia oferecer cura para a Aids, hemorróidas,
ou cancer do pâncreas. Há aspectos éticos e espirituais
de conservação que são muitas vezes esquecidos.

Mongabay: O que podemos fazer nos E.U. para ajudar a conservar florestas
tropicais e culturas indígenas?



Plotkin: Vivemos num mundo
encolhendo cada vez mais – americanos estão agora bem cientes de que
o que acontece no exterior pode nos afetar aqui mesmo em casa. Eu sempre incentivo
as pessoas a pensar globalmente, agir local
– e globalmente! Todo mundo deveria apoiar os esforços de conservação
já aqui em casa – se é a clínica local ou o Greater Yellowstone
Coalition. E todos devem apoiar ações eficazes e eficientes de
conservação no exterior. Nosso site é www.amazonteam.org
.

Mongabay: Eu queria ser um etno-botânico no colégio.
Não sei o que aconteceu entre aquela época e agora – poderia ter
sido química – mas mesmo assim eu não sou um etno-botânico.
Você tem algum conselho para os futuros étno-botânicos?

Plotkin: A primeira coisa que você precisa fazer é viajar
e explorar – pegue algumas experiências de campo! Há uma série
de noções românticas sobre descobrindo curas de plantas da
floresta, mas, na realidade, o terceiro mundo pode ser um lugar duro, de forma
que você precisa ir e experimentar pessoalmente. Um ótimo lugar para
começar são alguns programas que oferecem imersão no tipo
de ambiente que poderiam estar envolvidos no trabalho etnobotânico. A Escola
de Estudos de Campo e Earthwatch são dois excelentes programas. No que
diz respeito à educação, trabalhar com os povos indígenas
pode exigir antecedentes diferentes, dependendo exatamente do que você quer
fazer. Dado o atual mercado de trabalho, não tenho certeza de que um PhD
seja a melhor garantia de um emprego – incipientes etno-botânicos poderiam
considerar um mestrado em antropologia e botânica em conjunto.



Exit mobile version