Notícias ambientais

Fragmentação reduz a biodiversidade da floresta Amazônica e agrava o aquecimento global

Fragmentação reduz a biodiversidade da floresta Amazônica e agrava o aquecimento global

Fragmentação reduz a biodiversidade da floresta Amazônica
e agrava o aquecimento global

Rhett Butler, mongabay.com

29/2/2008










A fragmentação florestal está rapidamente erodindo a biodiversidade
da floresta amazônica e pode agravar o aquecimento global, de acordo com
uma pesquisa a ser publicado esta semana na revista Proceedings of the National
Academy of Sciences
(Eventos da Academia Nacional de Ciências).

"Árvores da floresta tropical podem viver por séculos, até
mesmo milênios, por isso nenhum de nós esperava que as coisas iriam
mudar com tanta velocidade. Porém, em apenas duas décadas – um
instante de tempo para uma arvore de mil anos de idade – o ecossistema foi gravemente
degradado", disse Dr. William Laurance, um cientista no Smithsonian Tropical
Research Institute no Panamá e líder da equipe internacional de
cientistas que conduziu as pesquisas.

O estudo, baseado em observações de quase 32.000 árvores
amazônicas desde 1980, constatou que a fragmentação causa
profundas mudanças à dinâmica e ecologia da floresta, resultando
no desaparecimento de espécies raras e especialidades da floresta.

Como grandes extensões florestais são cada vez mais cortados
em blocos menores, efeitos de borda alteram a flora e fauna da floresta. Pedaços
fragmentados das florestas estão sujeitos a secagem pelos ventos que
aumentam a frequência de queda de árvores. Queda de árvores
abre lacunas no dossel, destruindo a sua função de moderar a humidade,
a temperatura, o calor e as condições no chão da floresta.
Estas mudanças afetam as espécies que habitam neste pedaço
da floresta, geralmente reduzindo a diversidade. Muitas espécies raras
que habitam nas profundezas da floresta primária são incapazes
de lidar com as novas condições e são substituídas
por espécies mais comuns como ervas daninas.







Deforestation in the Amazon. Top photo courtesy of Google
Earth, bottom photo by Rhett A. Butler.

"Os vencedores são espécies pioneiras e comuns que gostam
de perturbação da floresta ", disse Laurance. A equipe estudou
22 diferentes características de espécies que aumentaram e que
diminuiram. "Os mais vulneráveis das árvores são as
especializadas para a vida no subsolo da floresta escura e que precisam de animais,
como aves ou morcegos para dispersar suas sementes e pólen", disse
Henrique Nascimento, do Instituto Nacional de Pesquisa Amazônica no Brasil,
em Manaus. "Quando você fragmenta a floresta tropical, ventos quentes
das pastagens ao redor matam muitas árvores, que simplesmente não
conseguem lidar com o stress", ele acrescentou.

Os pesquisadores dizem que a fragmentação está desestabilizando
a dinâmica florestal por conduzir elevadas taxas de rotatividade entre
as espécies arbóreas porque grandes árvores perdem espaço
para as pequenas de espécies de crescimento rápido.

Fragmentação também pode ter impacto climático
global porque fragmentos de floresta estão experimentando uma considerável
mortalidade de árvores atribuída a ventos, secagem e tempestades.
Como a vegetação morre e decompõe, mais carbono é
adicionado à atmosfera. Além disso, as florestas fragmentadas
são caracterizadas por espécies inferiores de crescimento rápido,
que armazenam carbono em menor volume do que árvores mais velhas com
madeira de alta densidade.

Por isso, tais fragmentadas e perturbadas florestas tem uma menor capacidade
de armazenamento de carbono em relação à floresta primária
intocada. Outros estudos constataram que a fragmentação das florestas
pode sofrer até uma perda de 36 porcento da biomassa nos primeiros anos
após a fragmentação. As condições de floresta
mais seca também significam, que incêndios agrícolas feitos
nos matagais e savanas vizinhos podem atravessar um pedaço de floresta
no meio com mais facilidade. O problema se estende aos ecossistemas fora da
Amazônia porque bem mais de dois terços das florestas remanescentes
do mundo são fragmentadas.

"A fragmentação está afetando a floresta em uma série
de formas", disse Laurance. "Essas mudanças ocorrem notavelmente
rápido, e quando você alterar totalmente algo tão básico
como as árvores, as outras espécies que vivem nas florestas tropicais
serão também, sem dúvida, muito afetadas".









A Amazônia tem a maior floresta tropical da terra, mas desde o início
dos anos 70 cerca de 650.000 quilômetros quadrados (250.000 milhas quadradas),
ou 18 por cento da área florestal – foram destruídas. Nos últimos
anos a construção rodoviária, o desmatamento para agricultura
e pastagens de gado e a exploração madeireira foram responsáveis
pela maior parte dos prejuízos florestais. Os cientistas dizem que a
continuação de perda florestal poderia transformar grande parte
da floresta amazônica em savana, colocando biodiversidade da região
em risco – a Amazônia é o hábitat de bem mais que um terço
das espécies do planeta.



Desde 2002 o governo brasileiro se movimentou para dominar e compensar o desmatamento
nas florestas, e retirou mais de 100 milhões de hectares da bacia amazônica
do desenvolvimento, bem como tomou medidas drásticas contra as atividades
ilegais. Estes esforços, em conjunto com os preços mais baixos
das mercadorias podem ter resultado num sucesso: porque a perda
forestal por ano para 2005-2006
prevê uma baixa de mais de 40 por
cento em comparação ao ano anterior. O número 2005-2006
= 13.100 quilômetros quadrados (5.057 milhas quadradas) – é o valor
mais baixo desde 1991, quando 11.130 quilômetros quadrados (4258 milhas
quadradas) de floresta foram perdidos.



Exit mobile version