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Podem novos empréstimos realmente trazer sustentabilidade à pecuária da Amazônia?

Podem novos empréstimos realmente trazer sustentabilidade à pecuária da Amazônia?

Podem novos empréstimos realmente trazer sustentabilidade à pecuária da Amazônia?
mongabay.com
9/1/2008

O Brasil, segundo maior exportador de carne bovina, recebeu a aprovação de um controverso
empréstimo do International Finance Corporation (IFC), o fundo de empréstimos
do Banco Mundial, de acordo com um informe da Associated Press. Ambientalistas
dizem que o negócio irá gerar mais desmatamento na biologicamente rica floresta
tropical amazônica. A pecuária é responsável por mais da metade da perda florestal
naquela região.

O empréstimo de US$ 90 milhões irá permitir ao Grupo Bertin, que gera mais de 30.000
empregos no Brasil, a “expandir e modernizar” suas operações por todos o país.

Ao conceder o empréstimo, o IFC reconheceu as preocupações ambientais mas disse
que o projeto é “uma oportunidade de engajar e tornar parceiro uma companhia líder
do setor privado para deter sérias questões ambientais e sociais enfrentadas pela
Amazônia brasileira.”

Em declaração, o IFC alegou que o empréstimo irá auxiliar o Grupo Bertin “a desenvolver
um sistema, único no Brasil, para garantir que a pecuária da Bertin tenha origem em
fazendas que utilizam práticas sustentáveis e não contribuem para o aumento do desmatamento
na Amazônia. O projeto irá aderir aos padrões de performance ambientais e sociais
do IFC.”

Foto de pastagem na floresta tropical amazônica da Colômbia — por Rhett A. Butler,
mongabay.com.

O IFC sustenta que o projeto irá reduzir o impacto ambiental das fazendas de gado
ao exigir que os fornecedores da Bertin na região amazônica “obedeçam uma rigorosa
lista de requisitos sociais e ambientais.”

“Existe uma necessidade real de reconciliar o desenvolvimento econômico da Amazônia
com sua conservação ambiental,” disse Atul Mehta, diretor do IFC para as regiões
da América Latina e do Caribe. “A indústria pecuária é um componente importante
da atividade econômica na Amazônia. Ao juntar-se à Bertin, o IFC está procurando
desenvolver novos padrões para lidar com alguns dos desafios ambientais e sociais
daquele setor.”

“Nenhum outro banco de investimento é tão rígido como o IFC nas avaliações econômicas,
ambientais e sociais,” acrescentou Douglas de Oliveira, administrador financeiro
do Grupo Bertin. “O Grupo Bertin quer tornar-se um padrão em desenvolvimento sustentável.
Estamos assumindo um compromisso de longo prazo, nos quais esperamos envolver não
somente o IFC mas todos os investidores. Estamos confiantes de que estamos ajudando
a trazer um novo paradigma para a indústria pecuária brasileira.”

Críticas

Gráfico criado por Rhett A. Butler, mongabay.com.

Apesar disso, alguns grupos de ambienalistas não estão satisfeitos com o negócio,
apontando que o IFC tem um registro ambiental cheio de altos e baixos em seus patrocínios
anteriores de projetos em áreas ecologicamente sensíveis. Além disso, argumenta
uma coalisão de grupos de preservação ambiental liderados pelos Amigos da Terra
(Brasil), a expansão dos ranchos na Amazônia irão gerar o aumento nas emissões de
gases estufa e poderiam disparar mais remoção ilegal de florestas.

Grupo ambientais tem razão para desconfiar: até hoje grande parte da perda florestal
na Amazônia foi causada pela pecuária. O Dr. Philip Fearnside, cientista do Instituto
Nacional para Pesquisa da Amazônia, no Brasil, e um renomado especialista em desmatamento,
estima que mais de 60 por cento da perda florestal na Amazônia desde 1980 foi resultado
de remoções para criação de gado. Esta conversão da terra ajudou o Brasil a tornar-se
o maior exportador mundial de carne bovina mas também levou a níveis recordes de
desmatamento, chegando a 20.059 quilômetros quadrados (11.220) em 1995.

Devido a significação econômica e ambiental da carne bovina na Amazônia, alguns
grupos ambientais estão trabalhando para torná-la mais sustentável. A Aliança da
Terra
, uma ONG fundada pelo texano John Cain Carter, espera que
carne bovina ecologicamente certificada
possa ser a chave para reduzir
o impacto da pecuária no ecossistema amazônico.

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