Em busca do “Pé Grande”, cientistas na Malásia podem revelar biodiversidade desconhecida
Em busca do “Pé Grande”, cientistas na Malásia podem revelar biodiversidade desconhecida
Rhett A. Butler, mongabay.com
10/1/2008
Cientistas malaios estão vasculhando as florestas tropicais do estado de Johor em
busca do “Pé Grande”, o lendário homem-macaco, supostamente visto no final do ano
passado. Mas é mais provável que encontrem algumas criaturas menos fantásticas,
porém únicas, que vivem naquele ecossistema ainda inexplorado.
Nos últimos anos um grande número de novos e inequívocos animais foi descoberto
nas florestas do Sul e Sudeste da Ásia, incluindo
361 novas espécies nos últimos dez anos em Bornéu e 43 novas espécies de
vertebrados no Sri Lanka. Somente no ano passado, cientistas em conjunto com o WWF
(Word Wildlife Fund – Fundo Mundial para a Vida Selvagem) capturaram em vídeo o
que pode ser uma nova espécie de mamífero nas florestas tropicais do Kalimantan
no Bornéu Indonésio. A criatura,
semelhante a uma raposa, aparentemente é desconhecida até mesmo para os caçadores
locais.
Tal não é o caso de outras espécies descobertas ano passado. O kha-nyou, um
roedor bizarro com barbas longas, foi descrito pela primeira vez por cientistas
da Wildlife Conservation Society (WCS – Sociedade para Conservação da Vida Selvagem)
depois que foi encontrado em uma mesa do mercado de caçadores no centro do Laos.
Desde então o animal foi classificado em sua própria família taxonômica.
![]() Visão frontal do misterioso animal semelhante a uma raposa descoberto ano passado nas florestas tropicais do Bornéu pelos cientistas da WWF. © Stephan Wulffraat / WWF |
Embora a maioria dos especialistas concorde que é remota a possibilidade de encontrar
o “Pé Grande”, chamado de
hantu jarang gigi pelas tribos malaias, hantu jarang gigi, os esforços daquele país
para determinar a existência de tal critura não são a primeira vez que um governo
da região agiu a favor da entidade cripto-zoológica. O Butão criou o Sakteng Wildlife
Sanctuary (Santuário da Vida Selvagem de Sakteng) — 650 quilômetros quadrados
de florestas temperadas de pinho e rododendros na parte leste do país — especificamente
para proteger o habitat do yeti, mais conhecido como “Pé Grande” ou “Sasquatch”
em outras partes do mundo. Até hoje o yeti tem se provado quase impalpável, mas
o Butão é lar de 29 outras espécies de mamíferos e mais de 625 tipos de pássaros.
Além do “Pé Grande”, a Malásia tem relatado visões de outra criatura misteriosa,
o orango pendek, que é dito ser uma ainda não classificada espécie de primata, similar
ao orangotango mas que, em pé, mede entre 0,76 m e 1,50 m (assim não havendo confusão
do orango pendek com o “Pé Grande” que diz-se medir 2,70 m de altura). Visões de
tempos em tempos do orango pendek são datadas desde a era Vitoriana, mas expedições
para encontrar a espécie não revelaram evidências conclusivas.
![]() Orangotangos em Sumatra. Orangotangos estão cada vez mais ameaçados devido à perda de seu habitat e da caça ilegal para o mercado de animais de estimação. WWF estima que 3 % da população mundial destes macacos foi perdida para os caçadores ilegais à cada ano. Foto de Jen Caldwell. Histórico do recente histeria sobre o “Pé Grande” O “Pé Grande” tem sido notícia de destaque na Malásia desde novembro, quando três Céticos notaram que a visão do “Pé Grande” coincide em tempo com o lançamento do |
A existênca destas criaturas é muito duvidosa, e esperanças de encontrar o desconhecido
estão desvanecendo devido às vastas perdas de habitat ao longo da Ásia. A situação
é especialmente urgente na Malásia, onde os indíces de desmatamento saltaram 86
% desde o final dos anos 90 como resultado da degradação florestal e remoção para
o plantio de palmeiras oleaginosas, lenha e outras formas de desenvolvimento. Com
florestas cobrindo cerca de 10 % do país, as chances de encontrar o “Pé Grande”
ou outras criaturas está dimuindo rapidamente.
“Céticos podem dizer que se nós ainda estamos descobrindo novos animais tão fantásticos,
por que as pessoas estão preocupadas com a perda da vida selvagem?”, disse o Dr.
Robert Timmins, pesquisador da WCS, à época do descobrimento de seu roedor do
Lao. “Mas certamente é uma indicação que quão pouco nós sabemos, e uma janela para
aquilo que podemos estar perdendo sem mesmo conhecer.”
Para mais informações sobre as pesquisas atuais nas florestas tropicais da Malásia,
visite o Centro para Ciências
da Floresta Tropical (CTFS) Ásia, o
WCS – Programa da Malásia, e o
WWF – Malásia.