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Cuidando do Negócio: Fraldas Verdes

Cuidando do Negócio: Fraldas Verdes

Cuidando do Negócio: Fraldas Verdes
Tina Butler, mongabay.com
8/1/2008

Fraldas descartáveis ou de pano: Respondendo a Velha Questão

Um bebê já foi descrito como um canal alimentar com uma voz alta em uma ponta e
nenhuma responsabilidade na outra. Um casal da Austrália, Jason and Kimberly Graham-Nye,
está endereçando o “fim do canal” com um produto inovador — uma fralda “verde”.

Antecipando o nascimento de seu primeiro filho no início dos anos 1990, os Graham-Nyes
foram estimulados a encontrar um tipo novo de fralda após descobrirem que fraldas
descartáveis e de pano não funcionaria para eles, seu bebê ou o planeta. Assim eles
compraram os direitos internacionais (de uma pequena empresa na Tasmânia) do projeto
da fralda que podia ser dispensada no vaso sanitário e começaram a produzir a gDiaper
(fralda verde, NT) para os bebês australianos.

Anos de pesquisa e trabalho seguiram-se, e os Graham-Nyes eventualmente decidiram
expandir e tornar-se globais, iniciando uma companhia em Portland, Oregon. As “fraldas
verdes” finalmente tornaram-se disponíveis em solo americano em 2005, 15 anos depois
da Austrália. Além do tamanho do mercado americano e do seu status de consumidor
“número um” de fraldas descartáveis, os Graham-Nyes também foram atraídos pela reputação
de Portland como lar de negócios “verdes” ou ambientalmente amigáveis.

Em um aterro sanitário, uma única fralda descartável tradicional pode levar 500
anos para biodegradar-se. De acordo com a Agência de Proteção Ambiental, somente
no último ano 20 bilhões de fraldas descartáveis foram jogadas nos aterros sanitários
dos Estados Unidos, criando aproximadamente 3,5 milhões de toneladas de lixo. Isso
é muito cocô de bebê e mais ainda plástico, que estará por aí séculos após cada
produtor ter crescido e partido.

“Fraldas verdes” fornecem uma solução mais rápida e menos poluente. Ao invés de
jogar uma fralda sólida, quimicamente carregada e plástica em sua maior parte, no
lixo — e no aterro sanitário em última análise — os pais podem segura
e simplemente jogar o preenchimento da gDiaper no sanitário. Os preenchimentos
são 100 por cento biodegradáveis bem como altamente absorventes — um casamento
feliz de funcionalidade com projeto inteligente. (O preenchimento é inserido na
chamada calça “little g” — pequena calça verde — mais sobre este assunto
mais tarde.)

Os Graham-Nyes acreditam que seu produto tem o potencial para revolucionar o gerenciamento
de lixo e alterar a percepção e comportamento do consumidor no que diz respeito
a produtos ambientalmente responsáveis e sustentáveis. A introdução da gDiaper
no mercado de fraldas é significativa no sentido que há finalmente uma nova alternativa
que incorpora os melhores aspectos das duas opções ao mesmo tempo que elimina os
piores. “Fraldas verdes” têm a alma do pano e a conveniência das descartáveis; eles
oferecem uma solução para o dilema das fraldas que causam sofrimento para ambos,
os pais e a Terra.


Certificação Cradle to Cradle (do berço ao berço)

Os fundadores do “Cradle
to Cradle
” organização para consultoria de produtos e processos de planejamento,
MBDC, William McDonough e o Dr. Michael Braungart conferem estes prêmios para reconhecer
de uma vez e encorajar a inovação continuada no design de produtos bonitos e efetivos
que colaborem para uma funcionalidade mais natural, um tipo de funcionalidade que
tenta copiar a natureza e elimina o conceito de dejetos. Ou, no caso das “fraldas
verdes”, cria um dejeto que, em última análise, é benéfico ao nível ambiental. Esta
certificação reconhece as conquistas na criação de produtos ambientalmente neutros,
se não enriquecedores. Os princípios do Cradle to Cradle são tidos como referência
para projetos “verdes”, e seus proponentes aspiram transcender o nicho “verde” e
crescer para definir o padrão.

O princípio essencial a ser extraído desta certificação é não ser menos
“mau”, esbanjador ou nocivo ao ambiente, mas ser “eco-eficiente” e efetivo, desenhar
produtos na melhor forma possível, gerando produtos que dão mais do que tiram.

Fraldas descartáveis ainda dominam o mercado consumidor, particularmente nos Estados
Unidos. Sua conveniência é inegável, mas assim também são suas desvantagens —
como qualquer um que tenha passado perto de uma fralda negligentemente descartada
pode testemunhar. Além de criar quantidades gigantescas de lixo e alguns riscos
sérios à saúde, a maior parte das descartáveis é feita com materiais branqueados
com cloro. O processo de branqueamento produz toxinas perigosas como a dioxina,
furanos e outros clorados orgânicos. Uma vez liberadas no ambiente, estas substâncias
acumulam-se em animais e pessoas. Estudos têm mostrado uma correlação direta entre
exposição às dioxinas e a incidência de câncer e defeitos ao nascer, bem como
desordens ambientais e reprodutivas.

Fraldas de pano, a alternativa “ambientalmente amigável” original, deixam traços
menores que seu competidor de plástico, mas ainda assim têm um impacto considerável.
Tipicamente feitas de algodão industrial, fraldas de pano são parte de um legado
agrícola desagradável. Plantações de algodão industrial é mundialmente a primeira
em termos de uso de pesticidas, contribuindo com 25 por cento do pesticida usado
nos EUA e 10 por cento internacionalmente. Algodão em crescimento também requer
enormes quantidades de água.

E embora o algodão seja um produto natural, o tecido branco brilhante usado nas
fraldas tradicionais não vem naturalmente. Como nas descartáveis, o branqueamento
polui o ambiente. Algodão orgânico, sem branqueamento está cada vez mais disponível,
mas vem com preços mais altos. Além do mais, lavar fraldas de pano requer significativamente
mais energia e água que “dar a descarga” em pequenos preenchimentos de fralda.

Os Graham-Nyes não têm ilusões sobre as limitações da gDiaper, particularmente
o fato que a água ainda é utilizada para dar a descarga no preenchimento e lavar
a calça externa feita de algodão, mas são um argumento convincente para o produto
que é a melhor escolha em termos ecológicos. Colocar dejetos humanos no sistema
de esgoto envia uma substância potencialmente perigosa para onde ela precisará ser
tratada e retornada em segurança para o ambiente. Não há riscos, como há com os
aterros sanitários, de bactérias e viroses das fezes infiltrando-se nas fontes subterrâneas
de água. E a gDiaper se livra das lixeiras de fralda mal-cheirosas em enfermarias
e banheiros — sem mencionar o censurável item deixado no assento próximo ao
seu na parada de caminhões.

Uma vez que a gDiaper tenha ido para uma usina de tratamento, a maior parte
de seus materiais é facilmente reabsorvida ao ambiente como biosólidos. Este tipo
de material é freqüentemente utilizado na indústria florestal para ajudar a fertilizar
novas árvores; como os preenchimentos são feitos à partir de árvores cultivadas,
este é um fim adequado ao ciclo de vida natural deste produto.

Para o consumidor ecológico que quer saber ainda mais, os Graham-Nyes explicam em
seu website que 90 por cento do preenchimento da gDiaper é feito da polpa
de retalhos de madeira colhida de forma sustentável — fibras totalmente naturais
de celulose secadas de uma forma que fortalece sua capacidade de absorção. A seda de
celulose (Raiom), um polímero natural, é utilizado no revestimento do preenchimento
ao invés do convencional plástico.

O poliacrilato de Sódio, ou SAP, é responsável pelos 10 por cento restantes do preenchimento.
Cristais de SAP podem reter até 100 vezes o seu peso em água. Por causa disso, estes
cristais são freqüentemente adicionados a compostos e biosólidos para aumentar a
retenção da umidade e enriquecer o solo. Usado na maior parte das fraldas e produtos
de higiene feminina, o SAP tem se provado seguro para o uso humano. É quimicamente
neutro, atóxico e inofensivo ao ambiente.

Mesmo o “empacotamento” do preenchimento mantém os princípios da sustentabilidade
ambiental. A camada externa da fralda, conhecida como calças “little g”, é inteiramente
um forro forte, resistente à água, ainda que respirável, para segurar o preenchimento.
O nylon no encaixe do forro onde o preenchimento é inserido é permeável ao vapor
d’água, ainda que a prova d’água para líquidos, ajudando na prevenção de vazamentos
e super aquecimento da fralda.

O preenchimento da gDiaper pode ser compostado; entretanto, é fortemente
recomendado que preenchimentos “marrons” sejam postos na privada em razão das preocupações
sanitárias surgidas da concentração de bactérias encontradas na matéria fecal. A
compostagem leva de 50 a 150 dias para a completa reincorporação ao solo. Compostagem
com o auxílio de minhocas acelera o processo de biodegradação, com a compostagem
completa após 70 dias em média comparado ao 120 dias das estruturas tradicionais
de compostagem.

Ao dar a descarga nos preenchimentos, há o risco de entupimento, mas este risco
não é maior de que um rolo normal de papel higiênico em um sistema de instalações
hidráulicas sensível ou antiquado. Os preenchimentos da gDiaper atingem os
critérios de aceitação da Water Environment Research Foundation, que envolvem
facilidade de rolagem e passagem pelo sifão. Adicionalmente, a National Sanitation
Foundation
deu ao produto sua benção após os preenchimentos terem sido limpos
com sucesso em seis diferentes tipos de privadas.

A gDiaper também recebeu o prestigioso “Cradle to Cradle Design Certification
Award”
da MBDC, uma organização para consultoria de projetos que enfatiza
o design “verde”, pela contribuição de seu preenchimento como biosólido. A fralda
foi o primeiro produto ao consumidor embalado a receber tal honraria, e foi reconhecido
pelo seu uso de materiais biodegradáveis que não impõem “nenhum dano imediato ou
eventual aos sistemas de vida” e que pode “retornar com segurança ao ambiente para
alimentar processos ambientais.” A idéia de projeto “verde” não é ser apenas “menos
mau;” mas ser ecologicamente eficiente e gerar produtos que dão mais ao ambiente
do que tiram.

Os Graham-Nyes levam em consideração o processo inteiro, não só criando um produto
que em última análise beneficia o ambiente, mas também conduzindo uma companhia
que se esforça para manter formas de produção sustentáveis e socialmente conscientes.
A polpa de retalhos de madeira usada nos preenchimentos vem de plantações de madeira
mole que são normalmente colhidas em ciclos de 10 a 60 anos, dependendo da espécie
e uso.

A companhia gDiapers trabalha com fornecedores de madeira que aderem à certificação
de terceiros para práticas sustentáveis de cultivo, inclusive protegendo o habitat
da vida selvagem, prevenindo a erosão do solo, fornecendo proteção às encostas e
replantando árvores. A companhia também trabalha com o China Labor Watch
para monitorar a fábrica em Nanjing onde os trabalhadores processam a polpa de árvore,
para manter boas condições de trabalho, tratamento e compensações justas.



Do berço ao berço: Refazendo a maneira que pensamos as coisas

por William McDonough e Michael Braungart

Os Graham-Nyes acreditam que a gDiapers é um modelo do que muitas companhias irão
parecer no futuro. Eles reconhecem a importância da qualidade, funcionalidade e
economia e foram capazes de traduzir este princípio e sua visão em um produto lucrativo.
Mas diferentemente de muitas outras companhias, esta quer que seus lucros sejam
compartilhados entre as pessoas e o planeta.

Mas Jason e Kim Graham-Nye não estão totalmente sérios e “corporativos” à respeito
do que fazem. Eles têm um senso de humor sobre a natureza de seu produto e mantiveram
um toque australiano, explicando em seu website que “pessoas, planeta, lucro se
igualam fair dirkum“, que significa “sendo generosos e reais com cada um
que encontrar.” E, finalmente, eles têm um dos slogans mais contagiantes da propaganda
moderna: “Moda e função em um bumbum bonito.” (no original Fashion and function on
one cute bum
, NT)



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