Notícias ambientais

Antiga tecnologia amazônica poderia salvar o mundo

Antiga tecnologia amazônica poderia salvar o mundo

Antiga tecnologia amazônica poderia salvar o mundo
mongabay.com
25/1/2008

Terra preta, o antigo solo baseado em carvão usado pelos antigos amazonenses para
criar terras permanentemente férteis na floresta tropical, está recebendo sérias
considerações como meio para combater o aquecimento global e cobrir demandas domésticas
de energia, relata um artigo em Scientific American.

O solo, facilmente diferenciado da terra convencional da Amazônia por sua cor preta
e riqueza mineral, que se acredita tenha sido criado pelas pessoas pré-colombianas
através de um processo de adição de carvão e ossos animais ao solo normal para criar
um híbrido altamente fértil, ideal para agricultura. O carvão é o ingrediente essencial
da terra preta, o que dá ao solo uma qualidade mais substancial de forma que a matéria
orgânica junta-se aos compostos através da oxidação, retendo a umidade e nutrientes.
Apesar destas benefícios, o carvão não possui nutrientes substanciais por si, assim
os índios enriqueciam o solo com lixo orgânico como os ossos de tartaruga, peixes
e aves, dando a terra preta quantidades maiores de Cálcio, Nitrogênio, Fósforo e
enxofre que a terra típica. Além disso, quando bem manuseada, a terra preta pode
evitar a exaustão por stress agrícola por mais tempo que o solo regular.


Derrubada e queimada no Peru. Foto de Rhett A. Butler.

Embora a fórmula para recriar a terra preta tenha sido perdida com o desaparecimento
dos amazonenses, cientistas de solo estão olhando a pirólise, um processo em que
a biomassa é queimada em altas temperaturas na ausência de oxigênio, como um meio
de produzir agrichar, “um sub-produto do carvão que pode ser utilizado como
fertilizante e bio-óleo, que é uma mistura de hidrocarbonetos oxigenados que pode
ser utilizado para gerar calor ou eletricidade,” escreve Ansse Caselman para o Scientific
American
.

“Em razão do sub-produto de carvão, ou ‘agrichar,’ não se quebrar rapidamente, ele
poderia manter por centenas de anos todo o Carbono que contém, ao invés de liberá-lo
na atmosfera como o gás do efeito estufa, o dióxido de Carbono. Desta forma, aumentaria
a produtividade agrícola através de sua habilidade de reter nutrientes e umidade,”
continua.

Casselman registra que existem outros benefícios.

“Há outros benefícios: Aumentar a produção de bio-óleo poderia diminuir a dependência
de óleo estrangeiro do país. Nos trópicos, aumentar a produtividade do solo incrementa
o número de colheitas por ano, o que pode ajudar a aliviar a pressão para desmatar
hotspots de biodiversidade. Os novos mercados para plantações agrícolas,
que poderiam em efeito tornar-se fontes de combustível, poderia aumentar as economias
rurais no mundo todo, da mesma forma que a demanda por etanol tem reforçado o preço
do milho,” escreve.


Derrubada e queimada no Peru. Foto de Rhett A. Butler.

“O uso do [carvão] também é promissor para combater zonas marinhas mortas, como
aquela no Golfo do México causada pelo Nitrogênio – e escoamento agrícola rico em
fósforo. O [Carvão] reduz a necessidade de fertilizantes feitos pelo homem ao ajudar
o solo a reter nutrientes. Adicionalmente, ele pode ser feito a partir de esgoto
e estrume que de outra forma poluiriam os oceanos.”

Apesar do potencial do agrichar, similar da terra preta, ele tem tido interesse
apenas limitado fora do círculo econômico. Mas isso pode mudar logo. O Senador Ken
Salazar, um Democrata do Colorado, está escrevendo uma proposta de lei sobre o agrichar
e pode tentar ligá-lo às leis agrícolas nacionais dos Estados Unidos (Farm Bill),
diz Casselman.

“A inclusão na Farm Bill iria virtualmente garantir subsídios para pesquisa
e processos de aplicação do agrichar,” nota.

Apesar disso, relata Casselman, alguns estão céticos sobre se os cientistas serão
algum dia capazes de recriar a terra preta.

“O segredo da terra preta não é só aplicar carvão e estrume de frango — tem que
haver algo mais,” continua ela citando Bruno Glaser, um cientista de solos da Universidade
de Bayreuth na Alemanha. “Você precisaria de 50 ou 100 anos para obter uma combinação
similar entre o carvão estável e os ingredientes.”

“Eu estou cético sobre somente adicionar uma fonte de Carbono puro,” Stanley Buol,
professor emérito do Departamento de Ciência do Solo na Universidade do Estado da
Carolina do Norte, disse Casselman. “Ela será preta e parecerá boa,” mas irá conter
íons inorgânicos o suficiente, tais como o Fósforo e o Nitrogênio, essenciais para
o crescimento da planta?” Anne Casselman (2007)

Inspired by Ancient Amazonians, a Plan to Convert Trash into Environmental Treasure

(Scientific American May 15, 2007)

Leituras relacionadas


Black Gold of the Amazon
(Discover Magazine)

Pre-Columbian Amazon supported
millions of people
(mongabay.com)

Comentários?

Opções de Notícias



Exit mobile version