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A soja pode piorar a seca na floresta tropical amazônica

A soja pode piorar a seca na floresta tropical amazônica

A soja pode piorar a seca na floresta tropical amazônica
Rhett A. Butler, mongabay.com
23/1/2008

A rápida expansão do cultivo de soja na Amazônia pode estar causando um impacto maior
no clima do que se acreditava, de acordo com pesquisa publicada na última semana em
Geophysical Research Letters.

Usando lotes experimentais na Amazônia, um time de cientistas liderados por Marcos
Costa da Universidade Federal de Viçosa no Brasil que a limpeza para [o plantio]
de soja aumenta a refletividade ou albedo da terra, reduzindo as precipitações em
até quatro vezes em relação à limpeza para pastagens.

“Este [efeito] é relacionado ao equilíbrio da radiação de superfície,” explicou
Costa por email ao mongabay.com. “Próximo ao Equador, as chuvas são principalmente
produzidas pela atividade convectiva, isto é, quanto mais quente a superfície mais
chuva terá. A plantação de soja, por ter um albedo (refletividade da radiação solar)
mais alto comparada a cobertura original da floresta tropical, absorve menos energia,
causando menos convecção e reduzindo as precipitações.”

    Taxas anuais de desmatamento e expansão da soja para estados da Amazônia brasileira
    1990-2005.

    Área total
    desmatada e cultivo de soja ao longo dos estados da Amazônia brasileira.

As descobertas são significantes porque o cultivo de soja na Amazônia tem se expandido
rapidamente nos anos recentes devido às melhorias na infraestrutura da região e
demandas crecentes por biocombustíveis (soja pode ser usada para biodiesel). Desde
1990 a área plantada com grãos de soja nos estados amazônicos expandiu-se à taxa
de 14,1 por cento ao ano (16,8 por cento anualmente desde 2000) e agora cobre mais
de oito milhões de hectares. A soja está rapidamente se tornando um condutor maior
do desmatamento na região, ao empurrar pequenos fazendeiros para áreas florestais
e fornecendo ímpeto para projetos de melhoramento na infraestrutura — como a pavimentação
da estrada Cuiabá-Santarém (BR-163) — que espalham mais a remoção de florestas.

“Fazendeiros de soja causam alguma remoção florestal diretamente,” disse o Dr. Philip
Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa na Amazônia (INPA) e um
especialista líder na Amazônia. “Mas eles têm um impacto muito maior no desmatamento
ao consumir terras desmatadas, savanas e florestas transicionais, com isso empurrando
rancheiros e fazendeiros de derrubada e queimada cada vez mais fundo nas fronteiras
da floresta. O plantio da soja também fornece um ímpeto importante para novas estradas
e projetos de infraestrutura, o que acelera o desmatamento por outros atores.”

Fearnside diz que a melhoria da BR-163 é particularmente um problema.

“A BR-163, que é candidata a pavimentar um corredor de exportação para os grãos
de soja através do Rio Amazonas, atravessa uma área que está grandemente fora do
controle do governo brasileiro,” escreveu em artigo em Environmental Management.
“Um clima generalizado de ilegalidade e impunidade prevalece, e assuntos relacionados
ao ambiente e posse da terra são especialmente desregulados. O desmatamento e a
retirada ilegal de madeira aceleraram em antecipação à pavimentação da rodovia.
A pavimentação poderia ainda acelerar a perda florestal na área, bem como estimular
a migração de ladrões de terra (grileiros) para outras fronteiras.”


Clareiras agrícolas na floresta tropical amazônica. Imagem de satélite cortesia
da NASA.

No total, a Amazônia brasileira perdeu pelo menos 570.000 quilômetros quadrados
de floresta, o equivalente a 15% da cobertura original total de floresta tropical,
de acordo com números oficiais do governo brasileiro. Cientistas dizem que a floresta
tropical tem um papel crítico no clima global e abriga mais de 1/4 das plantas e
animais terrestres do mundo.

No anos recentes a Amazônia tem experimentado as mais
fortes secas
já registradas. Não está claro o que está causando estes períodos
secos, apesar de que alguns cientistas sugiram que a mudança climática poderia ser
um fator importante. Alguns modelos sugerem que concentrações mais altas de Dióxido
de Carbono poderiam aumentar a temperatura na Amazônia em
vários graus
e transformar muito da floresta tropical em savana.

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